domingo, 7 de julho de 2013

TEUS AMORES







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TEUS AMORES


Tens os tons de todos os matizes,
as cores dos dias ensolarados
e ainda as penumbras das noites frias,
que embalam os sonos dos namorados.

Possuis tudo que se viu um dia
e também o que nunca se percebeu
quando teus amores estiveram contigo.


(Robério Matos)


sábado, 6 de julho de 2013

SONHOS

















SONHOS



Foram poucas as noites
que contigo dormi.

Menos ainda as que te toquei.

Em todas sonhei contigo
Em nenhuma te acordei.

Todas as noites e sonhos
que quis te acordar
e nunca te acordei.



(Robério Matos)


quinta-feira, 4 de julho de 2013

NÃO HÁ TEMPO A PERDER























NÃO HÁ TEMPO A PERDER



Há sempre um caminho que ainda não trilhamos.
Uma rua, uma quadra, na qual não passamos.
Um bom dia, um beijo, que não demos.
Um abraço apertado que faltou.
Um simples olá que não dissemos.

O olhar não correspondido.
O toque que não pudemos ou não quisemos devolver.
O convite para simplesmente passear que rejeitamos.
A cama que não quisemos dividir,
e o amor que não ousamos compartilhar.

É tempo, ainda. O dia, a noite, a vida, enfim,
se nos oferece mais uma oportunidade.

Bons momentos já se foram.
Dobraram a esquina do esquecimento.
Os maus, contudo, se aproximam,
perigosa, traiçoeira e sorrateiramente.

Vamos fazer isso agora?
Deixar isso para um minuto depois
poderá ser muito tarde e logo
novo dia em breve irá amanhecer...



(Robério Matos)




MEDO DO ESCURO

















MEDO DO ESCURO


Durmo com todas
as luzes acesas.

Receio ser abduzido
por ser alienígena.

Quero tudo alvo.

Quando tiver que ir,
que seja à luz do dia.
A céu claro,
nunca de noite,
nem em qualquer
madrugada,
de hoje ou de qualquer dia.

Sem a escuridão da noite.
De dia.

Não me deixem ir
no escuro.
Iluminem, por favor,
a estrada do meu último dia...



(Robério Matos)


terça-feira, 2 de julho de 2013

NO OITAVO ANDAR







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NO OITAVO ANDAR


Todas as luzes se apagaram.
Os sons emudeceram
e os veículos não mais
rolam sobre o asfalto deserto.

Apenas há um tênue ruído
da janela da varanda do quarto.
Do oitavo andar do edifício.

Um som confuso, infuso, arredio,
do vento do leste, que bate
e empurra a esquadria, acariciando-a,
de soslaio, suavemente.

Murmúrios, gemidos e medos
do abstrato; do que foge a rotina
de uma madrugada de domingo.

O cobertor é repuxado, e pernas,
coxas, em sudorese, se comprimem,
se buscam e pedem companhia.

Sussurros ao pé do ouvido,
grunhidos mornos, enrubescidos e
palpitações surdas, mudas, entrecortadas,
se buscam e procuram o calor de corpos
gélidos e carentes de aconchego.
Muito frio, arrepios,
e eles têm medo do afastar-se.

O jeito é aquecer-se, se grudarem
e acenderem o pavio da chama
que para sempre abafará o temor
daquele ensandecido e apaixonado amor.



(Robério Matos)


segunda-feira, 1 de julho de 2013

FAZ-DE-CONTA QUE SOU NORMAL








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FAZ-DE-CONTA QUE SOU NORMAL





Que sou como todo o mundo.
Que chora; que ri – eu, com parcimônia.
Que sonha – o meu com desdouro.
Que ama – em decimal,
pois inteiros são meus bloqueios...

Faz-de-conta que não sou louco;
que não sofro de esquizofrenia,
nem mesmo sinto aperto, agonia.
Que não tenho paranoias.
Que meus fãs não me perseguem
só por ser popstar, um artista
(embora ignorem que seja autista).

Faz-de-conta que neste agora
estou a escrever uma bela poesia
ou a recompor a 5ª Sinfonia,
seja neste momento de euforia,
em qualquer outra hora
ou em um outro dia...

Faz-de-conta que exista alguém
que não se importe com esta loucura,
e até goste do enredo, da estrutura,
destes versos sem métrica e melodia,
e que não perceba que hoje não é hoje,
mas que hoje é outro dia...

Faz-de-conta que mesmo sendo normal,
nunca, jamais, nada disto escrevi.
Tudo não passou de fértil imaginação;
de pura fantasia ou mera alucinação,
seja dos meus gentis leitores
ou ainda de zombaria de mau gosto
de espíritos intuídos por meus mentores...




(Robério Matos)