ENTÃO SURGIU UM SUSSURRO
que lhe sussurrava
sem cessar
e a cabeça
barulhava
e sofria com
aquela dor
que além de
tudo falava e por gozo
lhe
atormentava e o fazia gemer.
Que lhe
ordenava coisas
que não
compreendia, e só sabia
que era para
cumprir e obedecer.
E surgiu
outro sussurro
ordenando-lhe
redigir, escrever
sobre
qualquer coisa que gostasse
desde que
não se vinculasse
ao sussurro
anterior
e se não o
faria sucumbir,
morrer de
intensa dor.
E escreveu
por todos os dias
de sua
atormentada vida
sem parar,
respirar, ao menos entender
porque isso
lhe sucedia.
Até que por
fim e para alivio seu
(ou meu),
morreu e se inscreveu
na galeria
dos escritores imortais,
mesmo de
outras eras,
que partiram
sem deixar escrito algum,
e por isso mandou
que escrevesse
ou ao menos
que falasse em seu lugar...
(Robério Matos)