A GENTE SE ACOSTUMA
A ganhar e depois perder
a deliciar-se com a beleza do dia
e ao anoitecer sentir nostalgia
supondo que novo dia não irá acontecer
que viver é assim mesmo
pouco sorrir e muito sofrer
às vezes ganhar e na maioria
ver tudo escorregar entre os dedos
sucumbir, sumir, ir-se e morrer.
Que tudo faz parte
que chega, conquista e depois parte
muitas vezes sem nada falar ou dizer
e tão distante tudo fica
menos a dor que continua a doer.
A gente se acostuma e até compactua
achando ser essa a nossa sina
que não poderia conosco ser diferente
pois nascemos para assim viver
um dia atrás do outro,
tantos que nos perdemos
e não mais sabemos que dia é hoje
ou se hoje não é hoje mas outro dia.
E não mais vivemos o que somos
apenas sonhamos outro viver
e de tanto sonhar nunca acordamos;
de tanto nos acostumar renunciamos
segurar a corda que nos oferece socorro
e assim nos afundamos no charco
que teima em engolir nossas entranhas
e as regurgitar perto de um abutre
faminto que agora tem o que comer.
A gente se acostuma e deixa de perceber
que amanhã é outro dia e
novo amor poderá surgir, acontecer.
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