sábado, 31 de maio de 2014

ENTÃO SURGIU UM SUSSURRO






















ENTÃO SURGIU UM SUSSURRO



que lhe sussurrava sem cessar
e a cabeça barulhava
e sofria com aquela dor
que além de tudo falava e por gozo
lhe atormentava e o fazia gemer.

Que lhe ordenava coisas
que não compreendia, e só sabia
que era para cumprir e obedecer.

E surgiu outro sussurro
ordenando-lhe redigir, escrever
sobre qualquer coisa que gostasse
desde que não se vinculasse
ao sussurro anterior
e se não o faria sucumbir,
morrer de intensa dor.

E escreveu por todos os dias
de sua atormentada vida
sem parar, respirar, ao menos entender
porque isso lhe sucedia.

Até que por fim e para alivio seu
(ou meu), morreu e se inscreveu
na galeria dos escritores imortais,
mesmo de outras eras,
que partiram sem deixar escrito algum,
e por isso mandou que escrevesse
ou ao menos que falasse em seu lugar...




(Robério Matos)


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