quinta-feira, 31 de maio de 2012

ADÃO FOI FEITO DE BARRO




 
by Robério Matos



Eu preferia ter sido feito de barro
Como de barro foi feito Adão
Nos tempos idos da perfeição
Quando tudo era singelo e bizarro.

Ah! Quanta pureza e nostalgia...
Da coisa simples e sem bravata
Do que só valia o que a gente via
Não o faz-de-conta que sou psicopata.

Era Céu e Inferno e, no meio, o nada
Alguns tinham por atalho o purgatório
Outros, entretanto, só o falatório
Das más línguas ferinas e enfadadas.

Da multidão que esperava para ver
O que pior com o coitado iria surgir
No breve, obscuro e tenebroso porvir
Adrede preparado e só pra fazer sofrer

O desditoso que se aventurava esperar
Para só depois porventura se arrepender
De todo o mal que pudera arremeter
Contra os incautos que fizera acreditar.

Ah! Se de barro tivesse sido feito eu
Para não encucar com a física quântica
Que para ela tudo é questão de semântica
E no mais, nada de matéria... só o breu.

Como ficava simples e de bom agrado
Acreditar que tudo era muito limitado:
Que só havia Deus e o capeta imantado
E o resto era pensamento mal agourado.

Já hoje a coisa pra muito se modificou:
Temos que entender que tudo pra trás ficou
Que o mundo é só questão de possibilidade
Que posso ser todo o bem ou só maldade.

A realidade, impermanente, se modifica
Nós temos o livre-arbítrio, a escolha:
Seguimos no curso do rio que se vivifica
Ou nos tornamos um mero saca-rolha.



AMIZADE a PAIXÃO (involuindo...)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

EXTRATERRESTRE






imagem Google













by Robério Matos



Sou um extraterrestre
Que invadiu o meu espaço
E me abduziu de mim
Lançando-me em sua nave
Cooptando-me em sua tribo.

Que sugou até minhas vísceras
Engoliu minha alma
E por mais que solicitasse
Não me vomitou de mim.

Implorei: traze-me de volta!
Devolva-me a mim, suplico-te!
Pro meu torrão natal quero ir
E permita-me novamente
Pisar o solo com os pés meus
Não com os viscosos pés teus.

És verde, eu sou roxo,
Maldito extraterrestre!
Provarás do meu veneno
Infernizarei tua vidinha etérea
Serei, agora, o teu ET,
Seu verme nojento!

segunda-feira, 28 de maio de 2012

À DERIVA




imagem Google










Deixemo-nos conduzir à deriva pelas
correntezas do rio de nossas vidas,
apenas de quando em vez ajustando
as velas a direita ou a bombordo, ou
simplesmente arriando-as quando
ao bom curso assim for conveniente.

Permitamo-nos fluir em um espiral.
Transcender e deixarmo-nos seguir...
Irmos embora sem partir...

(Robério Matos)


domingo, 27 de maio de 2012

CACATUA - Ave MUITO engraçada - VALE A PENA ASSISTIR!

CLIQUE NO LINK ABAIXO e CURTA MUITO!



ASSIM AMO VOCÊ, AMOR






imagem Google












Assim amo você, amor



by Robério Matos



Com a intensidade e o sublime sentimento que tem
o mar quando quebra sobre a alegria da areia da praia
e que a ela acaricia sem maldade, terno, docemente.

Assim em mímica, amo você, meu doce amor
sem dizer uma palavra, sem te sufocar e sem de ti
nada mais exigir além dessa felicidade que brota
no brilho azul da luz do nosso olhar, que meditativos
se deixam conduzir pelo encanto das brisas desse mar.

Estranho, mas não desejo que cresça em demasia
para o risco não ter de te perder nas ondas de maresias.
Assim amo você, amor, na certeza de que embutida
sempre estarás no aroma dos sândalos do ar que respiro,
nesse ingênuo e puro amor inda que platônico
pois se hoje te sinto, amanhã te quero por toda a vida.

sábado, 26 de maio de 2012

EU SOU...







imagem Google













Eu sou...


by Robério Matos


A madeixa que te embrulha
tecendo em ti o meu casulo.
Envolvente,
acosso-te com o meu abraço
e penetro a tua intimidade
invadindo tua mente
e o teu corpo por inteiro.

Subjugo-te com os meus caprichos
e deixo-te inerte e sem espaço.
Seja no meio de um caminho
ou no fim de uma estrada
aí estou! A exigir, a impor.

Aporto de repente,
sutil, de mansinho,
e sem se quer apresentar-me.

Omito o meu nome,
a minha origem;
o porquê das ralas vestes,
da minha compulsiva volúpia.

Ávida, impulsiva e misteriosa,
apresso-me em envolver-te
com o meu querer
e atormento-te horas a fio,
seja ao meio dia
ou à meia noite,
até quando, em sussurros,
deixo-te atônito
com o meu insólito desejo:
registra e divulga esse momento
e jamais o guarde só pra si
pois ele poderá te sufocar.
Afinal, não quero calar:
Eu sou A POESIA.

VAZIO



















Vazio


by Robério Matos

 

 

É o meu momento

Ausente das emoções
De todos os sentimentos.

Das sensações de alívio,
Dor, convívio,
Solidão... Amor...

Distante do entardecer,
Da meia-noite.
No ombro da madrugada,
Perto do alvorecer.

Não há o cheiro da chuva
O ribombar dos trovões
O borbulhar da correnteza.

Silente é a natureza
O canto dos pardais
O chilrear dos rouxinóis.

Ouço apenas o áudio metálico,
Que nada diz
Que não constrói.

Ausente é o destemor
Da vida
O medo da morte.
Presente, só o Vazio...

sexta-feira, 25 de maio de 2012

INTENSA PAIXÃO








imagem Google












Intensa Paixão



... e quero enlaçar-te com o meu abraço
e acarinhar-te e deitar no teu regaço.
Roçar nos meus os teus lábios hesitantes,
úmidos, ávidos e balbuciantes,
terno, suave, de mansinho...
E de repente grudar nossa tez
em uma só pele, infinita e exalante
do aroma que emerge do fundo
da nossa compulsiva e tresloucada paixão.
E nos amarmos como sendo esse ato
o último de nossas moribundas existências...


(Robério Matos)

QUERO SONHAR OS SONHOS TEUS





























by Robério Matos


Não quero mais sonhar meus sonhos
lúgubres e que maltratam
meu pálido alvorecer.
Quero dormir os sonhos teus
senti-los a cada fantasia
que os meus não podem alcançar.

Quero sonhar um entardecer
precedido de amanhecer verdadeiro
que vislumbre um porvir
bem perto do possível, real.

Não quero mais ouvir os armadores engripados
de tua rede de dormir, que gritam noite adentro
atordoando o meu tentar dormir.
Desejo, sim
tocar tua campainha e dizer:
vem, insone quinem eu,
dormir aqui comigo,
minha rede não grimpa.
Quero sonhar os sonhos teus.