quinta-feira, 29 de março de 2012

AMNÉSIA



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Amnésia



by Robério Matos




Ontem, em um lampejo de memória,
por pouco não descobri quem sou.
Foi tão intenso, conquanto repentino,
que quase vejo minha identidade real.
Em um ato indomável e de rara bravura
afirmei para aquele “insight” inusitado
que finalmente sabia quem era eu.
Quem? Não sei. Isso foi ontem, amigo...

terça-feira, 27 de março de 2012

UM DIA...




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by Robério Matos


Um dia, não faz tempo,
eu era feliz.
Sim, não faz tempo
que eu sorria
até com a minha tristeza.
Amava até minha própria dor;
abraçava minha sombra
acariciava meu sofrer
andava sem minhas pernas
tocava sem minhas mãos
beijava até lábios inexistentes
e saciava minha fome
apenas fitando pratos vazios...

Um dia deixei-me conduzir
pela correnteza de rios caudalosos,
sem bússola, velas ou remos.
Voei sem asas
saltei sem paraquedas
escalei montanhas sem cordas
cavei abrigos com as mãos
e subi em escadas sem degraus.

Um dia, não faz tempo,
acreditei no amor;
na misericórdia divina;
que nunca faltaria o azeite
do candeeiro que alumiava meu
sombrio e tenebroso caminhar;
pisei descalço sobre
pedras afiadas e espinhos pontiagudos
e não senti dor;
dormir sem ter onde repousar
minha cabeça e, mesmo com frio,
senti-me aquecido pelo calor
da esperança, de novo alvorecer.

Sim, não faz tempo
pensei ser possível até o ódio amar;
conviver em harmonia com inimigos
deitar-me ao lado de feras famintas;
saltar sobre as estrelas;
cantarolar e dançar ao som do silêncio;
dividir com outros famintos e sedentos
o pão e o vinho que ainda iria mendigar;
mitigar minhas feridas com o azeite
que só existia em meus nebulosos sonhos;
servir-me do lenitivo dos pesadelos
sonhar o sonho dos que não dormem.

Sonhei ser e fazer ser feliz
Sim, isso foi há pouco,
inda que faça tanto tempo...

sábado, 17 de março de 2012

INSANA





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by Robério Matos



Pela manhã diz querer-me bem
Jura, fala sentir-me falta e saudade
À noite me impinge dor, maldade
E cospe toda a sua ira e desdém.

Ora carece de carinho, de abraço
Do charme do meu olhar de ternura
Dos meus lábios em suave candura
A umedecerem seu corpo, seu regaço.

Noutro instante já não mais me ama
E ferida nos brios, desmascara-se
Digita impropérios, amarga, insana.

Outrora intenso amor, de este a leste
Ao lhe aplacar os prazeres na cama
Hoje sou indigno, vil; um cafajeste...

sexta-feira, 9 de março de 2012

Eu sou NORMAL!




















(coisa de louco…)




by Robério Matos

  


… E por isso navego ao centro da direita do caminho da normose da sociedade; da obviedade, para por essa não ser rotulado de ± louco ou ao menos de insano.

Às vezes preciso trafegar nos trilhos que há sob (sob, mesmo. Não, sobre) os tetos dessas construções edificadas com a rigidez dos seres normais como eu.

Noutras, prefiro romper o hímen das sapienciais delimitações dos percursores contemporâneos que legislaram o novo e atual padrão comportamental e caminhar sobre (agora, sobre. Não sob) o meio-fio desses paradigmas, e assim infringi-los.

Não me desvio das normas atuais, pois se nos foram impostas seria para nos arremeter de volta ao passado das tradições culturais de nossos avós, onde corretos eram os passos de seus ascendentes e por sua vez descendentes da era salomônica. Quando muito, inclino-me para o centro da esquerda dessa normosidade, transgredindo-a.

Não posso, por conseguinte, optar por minhas próprias e espontâneas intuições sob pena de ser conceituado como alguém anormal e, como tal, ser excluído dessa mesma sociedade constituinte dos novos preceitos comportamentais.

Igualmente, não devo/tenho o direito de pensar e agir na contramão do fluxo das coisas normais e salutares ao nosso crescimento, seja no campo cultural ou mesmo social do novo rumo das coisas…

Sou assim, e pronto!

Boa noite!
Aliás, bom dia!
É que acordei há pouco (ora, quem já viu alguém que não dormiu, acordar?).

quinta-feira, 8 de março de 2012

MULHER é...























by Robério Matos



É como o soutien
A primeira a gente nunca esquece
Ainda que hoje ele esteja vazio...

Como o alvejante
Fica sempre com um cheirinho
Mesmo que a coma
No café, depois almoce e jante.

Como decote justo: misteriosa...
A gente não vê mas sempre diz:
Gostooosa!

Mulher é osso!
Tanto que se dermos muita corda
Estará sempre adiantada
Puxando-nos pelo pescoço.