sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O RITUAL





















O RITUAL


by Robério Matos




Era uma espécie de anfiteatro.
O piso viscoso,
de um tom escuro.
O sol, do teto penetrava
num quadrilátero
por entre barras de ferro fundido e duro.

As paredes estavam cheias
de musgos asquerosos.
Pessoas encapuzadas vestiam
túnicas brancas
e assentavam-se empertigadas
em cadeiras coloniais,
adornadas por símbolos
maquiavélicos, satânicos!
enquanto aguardavam o adentrar
dos líderes medievais.

Ao centro, uma maca negra,
vigiada por verdugos,
onde hibernava a hidra
mumificada e em refugos.
À direita da maca,
um esquife abominável,
no cerimonial que precedia o anunciar
do Grande Mestre,
que aguardava o instante memorável
que seria o beijar
a esquálida hidra inerte,
cuja lenda esse rito mágico
a ressuscitaria,
inda que caveirosa continuasse
durante a orgia.

Alguns diáconos preparavam
líquidos acres
e os repassavam
aos Mestres de Cerimônia.
O sabor era como o gosto azedo
do vinagre
e os fiéis, ávidos,
os bebiam por amônia.

A maca negra, estacionada,
estava entreaberta.
Um manto escuro
descerrava a cripta repugnante!

Do palco superior,
onde ficava um mirante,
descia uma harpia que, lânguida,
rasgava-se lhe o véu.
Nos seios nus cintilavam pérolas
de uma corrente
e nas mãos conduzia uma taça
com bebida igual ao fel
que me induzia a ingeri-la,
irritando o Grande Mestre que
fantasiava em meus braços
a sua amada hidra.

E quebrando as tradições do ritual,
da ante-sala saiu.
Enquanto se dirigia para mim,
numa fúria bestial,
notei que me debatia para acordar
e sair daquela enrascada,
deixando para si
o excêntrico amor da sua amada...

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

AL DI LA



















AL DI LA


Muito além das nossas “preciosas” coisas
às quais nos agarramos como
o náufrago à corda que se lhe jogam;
da preocupação com a nossa despensa
do próximo passo que devemos dar
para atravessarmos a calçada para
simplesmente irmos para o mesmo lugar.

Muito mais que a escolha da roupa
com a qual iremos àquele esperado jantar
e até mesmo de como estará – se estiver
o nosso par, que nos enche de jubilo
e com quem um dia pretendemos nos casar;
da ansiedade ante a espera do nosso consorte
que sequer sabemos se realmente virá,
está o dia de hoje que ainda não se findou.

Muito além do nosso cobiçado emprego
das vaidades e orgulho próprios do ser
do nosso apreensivo e protegido Status Quo
da hierarquia e política do nosso meio
está a família, os amigos e o nosso Deus.

Muito ainda mais além que tudo isso
deveria estar o polimento do nosso espírito
pois é com ele que iremos além da vida...



(Robério Matos)


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

OS SONS DO MEU SILÊNCIO



















OS SONS DO MEU SILÊNCIO


Somos uno. Gêmeos siameses
indissolúveis e unidos até além vida
no escuro da noite, na claridade do sol
sob as areias do deserto
ou sobre os picos das montanhas.

Nos cômodos do meu apartamento
na área de lazer do prédio onde moro
nos coletivos no horário de pico,
sobrecarregados de gente barulhenta
no terminal de embarque dos aeroportos
ou nas estações rodoviárias
nos campos de futebol, mesmo nos gols.

Sou silencioso como uma folha que cai
como uma pluma que esvoaça do travesseiro
tal o pedinte mudo e surdo,
que não sabe o que pede nem o que
se lhe dão, mesmo a tudo agradecendo,
em silêncio para os nossos ouvidos
porém no mais alto volume de suas preces.

Não tenho espelhos para não fita-los
e falar comigo, assim quebrando
o inquebrantável voto do meu silêncio...

Psiu! Silêncio, por favor.



(Robério Matos)



domingo, 23 de fevereiro de 2014

VOCÊ (1)





















VOCÊ (1)


No princípio só havia você e o meu amor.
Eu me dei a ti, então passou a existir só você.
(eu dentro de ti...).



(Robério Matos)


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A PAZ NÃO TE FARÁ SE ARREPENDER




















A PAZ NÃO TE FARÁ SE ARREPENDER



Eu disse muitas coisas, sei
ao longo de minha irrequieta
e às vezes irresponsável vida.

Incrível é que não me arrependo
de nenhuma delas,
por mais estapafúrdias que tenham sido.

E sabe por quê? Porque dissera
sem maldade e com a inocência dos anjos,
com a cor branca da paz,
não a vermelha da malquerença; da guerra.

Tenho dito: o pior inimigo não é aquele
que assim se declara publicamente,
mas o que, sutilmente, te faz pensar
ser teu melhor amigo...

Viva na paz. Ela te enobrece
e jamais te fará se arrepender...



(Robério Matos)


O BEIJO (2)


















O BEIJO


Então me comprazo com as coisas pequenas
porque as grandes de certo não foram moldadas para mim

E se fossem eu não as notaria dada a minha pequenez

Afinal, o beijo na ponta dos pés é mais avassalador
instigante, compelido, apaixonado e fugaz

que um beijo na ponta da língua...

O prazer daquele nunca cessa...



(Robério Matos)


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

UM NOVO CANTO




















UM NOVO CANTO


De paz e fraternidade
também de intensa alegria
todos deveríamos cantar
como assim cantam os pássaros
mesmo sem precisarem voar.

Sem tristeza ou nostalgia
cantam com harmonia
só por amarem cantar.

E o amor e a magia
são as notas de sua melodia
que os fazem felizes ao cantar
celebrando o raiar do novo dia.



(Robério Matos)


QUASE TE SUFOQUEI DE AMOR


















QUASE TE SUFOQUEI DE AMOR


Durante o dia
eu respirava
e me alimentava de ti.

Dentro do apartamento
a toda hora tropeçava
e esbarrava no teu corpo.

Ouvia tua voz a procurar-me
e a clamar por mim
tuas mãos sobre meus ombros
e teus braços envoltos
no meu pescoço.

Abraçava-te sentada no meu colo
e cingia tua cintura macia
enquanto as mãos teimavam
em seguir por outros caminhos...

Escrevi-te poesias e cartas d’amor
Fiz-te versos em guardanapos
e até sem o saber cantava para ti.

Tal uma prece
antes de dormir
falava-te baixinho e te via
em um breve e delicioso sorrir,
até que exausta e carinhosamente
te desvencilhavas dos meus braços
e para o meu lado da cama
gentilmente mandavas-me ir.

Pela manhã, ao acordar
tudo lembrava, mas como em sonhos
e era quando eu te machucava
ao abraçar-te forte para ter a certeza
que ainda estavas comigo, aqui.



(Robério Matos)



segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

FALAR POR FALAR















FALAR POR FALAR


Não sei dizer o que não posso confirmar
não posso falar pelo meu coração
se ele insiste no seu silêncio, na sua mudez
e nada tem para me dizer ou comentar.

Falo o que sinto e ora não há sentimento
digno de se expressar. Simplesmente não há
fato novo e que justifique se querer contar.

Poderia falar do passado ou especular o futuro.
dizer da saudade que minh’alma se lamenta
ou da melancolia pela qual ora padeço e choro.
Porém o passado já passou e o futuro nem sei se virá.
Então resta o presente sobre o qual não sei falar...

(Robério Matos)

O SANTO QUE CAIU DO ALTAR
















O SANTO QUE CAIU DO ALTAR
(uma história real)
LEIAM! É um pouco longa, pros nossos padrões, mas muito interessante!)
  
by Robério Matos
  
Nos anos sessenta, morávamos eu e o Chico, meu primo, em Juazeiro do Norte-CE, cidade-santuário, onde maioria absoluta dos cidadãos é de origem católica e devota do Padre Cícero Romão Batista. Na época, tínhamos entre 10 e 12 anos de idade, respectivamente.

Nossos pais eram de origem muito humilde, por isso, de quando em vez, íamos passar o dia na casa de nossos avós, os quais tinham uma condição financeira melhor que a nossa, pois vovô Astrogildo era o Coletor da Cidade (tipo um Tabelião do único cartório existente no município).

Então, quando a coisa não estava muito boa em nossas casas, íamos pegar o 0800 (almoço) na casa da vó Mãezinha, como a tratávamos carinhosamente, daí às vezes ficávamos para o jantar e também dormíamos lá.

Vovó era talvez a mais católica de todos os habitantes da cidade e devota fervorosa do “Padim Pádi Ciço”, além de outro punhado de santos, cujas réplicas, de barro, ela mantinha em uma espécie de santuário, feito de madeira e preso à parede da sala de jantar.

Certo dia eu e o Chico pegamos Mãezinha ajeitando um lugarzinho para um santo novo, no já muito apertado e congestionado altar.
- Vó, esse é novo? – perguntei.
- É sim, meu filho.
- E o que ele faz (de milagre, ironizei)?
- Robério, lá onde eu comprei, o Seu Damião me garantiu que esse é o santo dos apertados.
Ele dá dinheiro, meu filho!

Olhei pro Chico. Ele também me fitou meio que de lado, e ficamos entre um misto de animados e desconfiados, ante a perspectiva do novo santo poder quebrar nosso galho, para irmos ao campo de futebol, cinemas, etc.

- E, vó, como que ele faz isso? É assim “na lata” mesmo? Ele mete a mão no bolso e dá o dinheiro?
- Não, menino. A gente coloca de baixo dele uma nota de 1 cruzeiro novo, por exemplo, faz a reza, e, no dia seguinte, pela manhã, logo cedo, vai lá e encontra 2 cruzeiros novos, e assim sucessivamente.
- Ah, tá... Respondemos quase em uníssono, eu e o Chico.
- Então vó – voltei a perturbar – isso já não é milagre. Tá mais pra jogo-do-bicho, só com uma grande desvantagem, pois esse paga 15 vezes mais o valor da aposta, enquanto que o sovina do santo, só uma vez mais...

Foi aquele “puxão de orelha”, seguido de um sermão. Só que você tá esquecendo de um detalhe importante Robério, seu sabichão: o santo dá pouco mas é certo. É toma-lá-dá-cá, né?

- Vó, interveio o Chico, vamos deixar de conversa e por a “experiência” (apelou, o primo) em prática. Isso ele falou já por volta das 18h. Hora da Ave-Maria.
Então Mãezinha não se fez de rogada. Pegou uma nota de 1 cruzeiro novo, fez a reza e colocou a bufunfa de baixo do santo.

Alta madrugada, eu e o Chico, descemos de nossas redes e, pé-ante-pé, fomos lá no santuário e colocamos mais um cruzeiro novo de baixo do santo e voltamos para nossas redes de dormir.

Pela manhã, hora do café, lá vem Mãezinha, radiante e jocosamente mostrando para nós as duas notas de um cruzeiro novo, cada.

E assim se seguiu por alguns dias. Ela colocava 2, nós cobríamos com 4. Botava 5, nós dez!

Mas veio um dia que a ganância suplantou a fé da nossa devota vó Mãezinha: ela colocou 50 pratas de baixo do santo. Certamente “tomara emprestado” do marido, nosso vô.

E agora, Chico? D’onde que nós vamos arranjar 100 paus!

- Que nada, primo. Nós desta vez não vamos cobrir a parada. Vamos “passar”, como se diz nos jogos de azar.

Madrugada. Fomos lá, como de costume, no santuário e tiramos os 50 mangos do santo, e, ofegantes, voltamos para nossas redes, com um detalhe, que pois um bom termo em nossa fonte de renda: o nervoso, somado à pressa e ansiedade, fez com que derrubássemos o santo do altar, fazendo o danado – com todo o respeito - se estatelar no chão.

Dia seguinte, bem cedo, Mãezinha dana-se a sacudir nossas redes: Robério... Chico... Venham cá, depressa!

(e aqui resumimos o final da história).

- Como vocês me explicam isso? Além dos 50 cruzeiros novos haverem sumido “misteriosamente”, meu santim caiu do altar, e vejam aqui!

Quase não contivemos o riso ao vermos o busto do santo em uma das mãos da vó, e a cabeça do dito “cambista” na outra...

- Sei não, vó! Cuidei em tentar contornar (e só piorei mais ainda) aquela vexatória situação.

Vai ver que ele, duro, viu que não tinha como cobrir “uma aposta” tão alta e, envergonhado, saltou do Santuário, cometendo suicídio...

domingo, 9 de fevereiro de 2014

NUVENS VIAJORAS
















NUVENS VIAJORAS


Nuvens que viajam preguiçosamente
ao sopro de um vento gélido, lento
que formam figuras indefinidas, brancas
e fazem sombras sobre a terra, o mar
que agitam as águas espumantes
ante o alto teor do sal, das salinas.

Que formam vagas ferozes, enfurecidas
e agitam embarcações frágeis e pequenas
e causam rebuliços e alvoroços na água
agora crespa, agitada, em um pedaço de mar
antes translúcido e de tom azul como o anil.

Nuvens antes alvas, tal o capucho do algodão
ora são nimbos cinzentos e ameaçadores
que impingem apreensões, alvoroço e medo
aos pequenos pescadores que se desdobram
para manterem seus barcos sob controle.

Que se aquietam de repente com a perda
da força e velocidade do vento ora brando
após ouvirem a melodia de vozes de orações
em uníssono e que partem dos sinceros
e fervorosos corações dos que sobre
os barcos frágeis estão, com as mãos em concha
e a fonte erguida para os céus, em fervorosa
e confiante prece aos santos do mar,
das falanges espirituais de Jesus e Maria.

E o mar se acalmou, transformando-se em leve
e refrescante brisa restauradora da esperança e fé.



(Robério Matos)


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

TANIA AIRES, A LUA E A VARANDA





















TANIA AIRES, A LUA E A VARANDA


É noite. Já é tarde e a lua, cheia
parece desfilar, majestosa
refletindo para a terra a luz do sol
ladeada por milhares de estrelas
cintilantes tal um desfile cósmico.

Deixo-te na varanda do quarto a
admirar essa passarela de astros
como a expor a mais recente coleção
de constelações esfuziantes e belas.

Visto meu pijama, deito-me na cama
a esperar que o caprichoso sono
mostre a sua cara e me faça adormecer.

Não demora e ouço tuas passadas
suaves como a flutuarem sobre o tapete.
Sinto a doçura e suavidade do teu perfume
que me fazem embriagar de súbita paixão.

Da varanda sinto uma corrente de ar
a adentrar a nossa alcova, refrigerando-a.
Percebo, então, que a cama se afunda
na lateral sob a pressão do teu joelho nu,
de mansinho, temendo acordar-me.

De repente, já estás sob meus lençóis.
Teu corpo nu, morno, macio e hesitante
se aproxima e funde-se ao meu e agora
somos apenas um, tu sobre mim, ora
eu sobre tu a escorregarmos sobre nós
a deslizarmo-nos como em um tobogã.

Encostas teus lábios em meu ouvido
a sussurrar-me palavras impudicas,
sem pudor enquanto meu falo,
apaixonado e balbuciante busca teu regaço,
ora úmido e mendicante.

E fazemos o mais insano e alucinado amor!



(Robério Matos)


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

DEIXE QUE EU SEJA EU!





















DEIXE QUE EU SEJA EU!


O mundo já foi mais alegre
nas valsas e nos boleros
dos salões dos clubes
nos lugares onde havia gente
feliz assim como eu.

É, já fui menos triste
mais feliz porque havia
gente a minha volta

Porque dava boa tarde
e também bom dia e ninguém
chorava ou sorria
quando se voltava ou se ia...

E houve um dia assim,
há muitos anos,
quinem gosto de lembrar...



(Robério Matos)


ERNESTO GARDENAL



















Ernesto Gardenal

Poeta nicaragüense


"Ao perder a ti, tu e eu perdemos.
Eu porque tu eras o que eu mais amava
E tu, porque eu era o que te amava mais.
Contudo, de nós dois, tu perdestes mais do que eu.
Porque eu poderei amar a outra como amava a ti,
Mas a ti não te amarão como te amava eu."

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

INSTANTES ATRÁS


















INSTANTES ATRÁS


Agora que se estar só
onde há muito
rezei a Ave-Maria
de pura calmaria
quando ora a nostalgia
maltrata, machuca
de fazer e causar dó.

O filho e amigo se foi
e tudo ficou pra depois
os bate-papos e piadas
as ruidosas gargalhadas
as histórias passadas
que dizíamos na calçada
no caminho da praia
no comércio agitado
nos burburinhos da rua
quando quase éramos
pelos carros atropelados.

Ríamos do passado cru
quando dele exigia muito
que deixasse a molecagem
que botasse o carro na garagem
enfim, que o mais breve
deixasse de ser mero angu
e se tornasse adulto, gente
que a vida era coisa séria,
que fosse como seu pai
e não dissesse um ai
por causa de simples espinho
encravado na sola dos pés.

Que dor não era aquilo
que muito ainda havia pra doer
quando começasse a crescer
e deixasse de ser um esquilo
pois não podíamos só viver
pulando de galho em galho
e que um dia iria conhecer
uma mulher como companheira
que poderia ser vivaz, alegre
ou muda como um canário
na fase de troca das penas
não um simples espantalho.


(Robério Matos)



terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

SAMARA THAYS



SAMARA THAYS


Se alguém amara a Samara
como um dia eu a amei
desculpa amigo, pois teu amor
fora sufocado pelo meu.

Amaras durante teus sonhos
eu, na vigília, em todas as horas
de todos os dias, desde o alvorecer
até o último badalar dos sinos
eu cantava seu nome nos hinos
e nunca a fizera magoar-se, sofrer.

Samara, leia e guarde para si
esses singelos versos pois um dia,
tomara! O leremos juntos
ao pé de um junco frondoso
quando demonstrarei, ardoroso
todo o encanto que nutro por ti.


(Robério Matos)



A VOZ DO MEU CORAÇÃO



A VOZ DO MEU CORAÇÃO


Disse-me o meu coração:
não me envies outros amores.
Já não mais sou tão jovem.

O que há em mim já me basta,
dispara e palpita-me as artérias,
que, cansadas e menos flexíveis,
enrijecem-se com poucos afagos.

Apenas e tão-somente ordena
que ele seja tenro e suave
e nunca diga “boa noite”.

Que toda hora seja dia claro.
Que nunca, jamais, escureça...
Tenho medo de me perder de ti.


(Robério Matos)



segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

SOBRAS E FALTAS



















SOBRAS E FALTAS


Se há um tempo bom
de não se esquecer
é aquele que ainda
não se viveu.

Se há uma vida
que se deve amar pra sempre
é aquela que se espera
acontecer...

Se há qualquer coisa
que dela se sente ausência
é a que ainda não se vivenciou.

Se não existe falta
é porque a abundância
sempre abarrotou o ser

mas se essa sobra
é porque falta amor.


(Robério Matos)


sábado, 1 de fevereiro de 2014

A RESPOSTA DO SILÊNCIO





















A RESPOSTA DO SILÊNCIO


O silêncio traz dor, grito, resposta.
A mais dura, duradoura e cruel resposta
é a do silêncio, tu o sabes.

Se quiseres gritar com alguém,
cala-te! Ele te ouvirá.

Não inaudível, mas em alto e bom som!

Em silêncio, disseste que tens alguma admiração por mim.

Em silêncio, respondi que aprendi a te amar...

O falar, sem ouvir, sem pausar,
confunde e ameaça.

O dizer, tresloucadamente e em demasia, não fala.

Aborrece, troca a empatia pela antipatia.

Fala-se o que não se queria dizer.
Diz-se o que o outro queria ouvir, para poder responder...

Faz chorar. Nunca sorrir...



(Robério Matos)