quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

OS SONS DO MEU SILÊNCIO



















OS SONS DO MEU SILÊNCIO


Somos uno. Gêmeos siameses
indissolúveis e unidos até além vida
no escuro da noite, na claridade do sol
sob as areias do deserto
ou sobre os picos das montanhas.

Nos cômodos do meu apartamento
na área de lazer do prédio onde moro
nos coletivos no horário de pico,
sobrecarregados de gente barulhenta
no terminal de embarque dos aeroportos
ou nas estações rodoviárias
nos campos de futebol, mesmo nos gols.

Sou silencioso como uma folha que cai
como uma pluma que esvoaça do travesseiro
tal o pedinte mudo e surdo,
que não sabe o que pede nem o que
se lhe dão, mesmo a tudo agradecendo,
em silêncio para os nossos ouvidos
porém no mais alto volume de suas preces.

Não tenho espelhos para não fita-los
e falar comigo, assim quebrando
o inquebrantável voto do meu silêncio...

Psiu! Silêncio, por favor.



(Robério Matos)



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