sexta-feira, 4 de maio de 2012

CANTIGAS DE AMIGO


















by Robério Matos



Esa noche o mar estava sereno,
como a recobrar-se de tempestade
de areias no deserto
e sobre seu tampo deslizavam
barcos de pesca alheios, arredios
ao longe, em cortejo silencioso.

Brumas sobre ondas ralas,
e ainda assim quebradiças, em
cristas sob o efeito dia após dia
de sóis escaldantes,
já despontavam rugas precoces,
esbranquiçadas, alvadias.

Esquálidas, após travessias
sucessivas e fatigadas,
restavam-lhes, contudo,
o hábito de poetizar sem-fim.

e esa noche elas ensaiavam,
em uníssono, Ondas do Mar de Vigo,
um canto de uma rapariga,
na relação com o amigo:

“...Se vistes meu amado,
por que hei gran cuidado!
E ai Deus!, se verrá cedo!”

O vento, compreensivamente,
de seu espaço soberano
espreitava mas não intervia
naquele pool harmonioso.

E rondava a lua, atenta
majestosa e suave
a espreitar movimentos
em seu território.

De os murmúrios de o seu
eterno e rabugento solilóquio
de sempre, dizia-se lhe:
Espera, não te inquietes,
é só mais esa noche...

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