segunda-feira, 1 de julho de 2013

FAZ-DE-CONTA QUE SOU NORMAL








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FAZ-DE-CONTA QUE SOU NORMAL





Que sou como todo o mundo.
Que chora; que ri – eu, com parcimônia.
Que sonha – o meu com desdouro.
Que ama – em decimal,
pois inteiros são meus bloqueios...

Faz-de-conta que não sou louco;
que não sofro de esquizofrenia,
nem mesmo sinto aperto, agonia.
Que não tenho paranoias.
Que meus fãs não me perseguem
só por ser popstar, um artista
(embora ignorem que seja autista).

Faz-de-conta que neste agora
estou a escrever uma bela poesia
ou a recompor a 5ª Sinfonia,
seja neste momento de euforia,
em qualquer outra hora
ou em um outro dia...

Faz-de-conta que exista alguém
que não se importe com esta loucura,
e até goste do enredo, da estrutura,
destes versos sem métrica e melodia,
e que não perceba que hoje não é hoje,
mas que hoje é outro dia...

Faz-de-conta que mesmo sendo normal,
nunca, jamais, nada disto escrevi.
Tudo não passou de fértil imaginação;
de pura fantasia ou mera alucinação,
seja dos meus gentis leitores
ou ainda de zombaria de mau gosto
de espíritos intuídos por meus mentores...




(Robério Matos)


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