terça-feira, 28 de janeiro de 2014

ANALFABETO


















ANALFABETO


Se eu soubesse ler
leria tantas besteiras.

Pior seria se eu
soubesse escrever...



(Robério Matos)


DEITA COMIGO AMOR

















DEITA COMIGO AMOR


Se pudesse nunca dormiria
é nesse momento que
mais sinto a tua falta
é torturante ter que ir para
a cama sozinho.

Não ter as tuas pernas nuas
onde possa enroscar as minhas
a tua cabeça para desalinhar
teus cabelos e o rosto para
nele tocar e fazer carinho.

Tuas faces para afagar com
as mãos em conchas
teus lábios onde possa circundar
meus dedos, antes de beijá-los
sôfrega e demoradamente.

Se pudesse nunca dormiria
para admirar-te mais um pouco
e sentir a tua presença na vigília
não apenas em sonhos efêmeros
onde não raro deixo de te ver
e te perco de mim.

Chamo-te e não me escutas.
No sono pareces não ser minha
e te sinto distante de mim.
Tuas mãos se desenlaçam
e escorregam das minhas
e teus lábios não dizem meu nome
teu corpo se desgruda do meu.


Às vezes paramos de fazer amor.
Mesmo permanecendo dentro de ti
parece nada mais da paixão existir.

Amor, você escutou o que eu disse?
Não. Ela não está aqui...


(Robério Matos)


domingo, 26 de janeiro de 2014

AS HISTÓRIAS DE UM VIAJANTE


















AS HISTÓRIAS DE UM VIAJANTE


Eu viajava, vagava
pelo mundo afora
sem saber se era hora
de parar ou mais vagar

À noite sonhava com o dia
a tarde vinha a agonia
sem saber o que fazia
se seguia ou só dormia

Queria ser um viajante
inda que nunca encontrasse
e nos braços acalentasse
minha noiva ou só uma amante

Até que cedo a história findou
não foram muitas como queria
Mas apenas uma breve fantasia
de um viajante que nunca viajou.


(Robério Matos)


A ROSA QUE FALTOU





















A ROSA QUE FALTOU


Se um dia, ao abrir a janela do quarto,
notar que não há uma rosa no meu jardim
ainda assim irei até lá
para catar as ervas-daninhas
podar os galhos mortos
afastar os insetos parasitas
então direi: você não morreu
apenas não nasceu ainda...

E regarei tuas raízes e farei uma prece
volta minha flor querida...



(Robério Matos)


A NOITE E O DIA
















A NOITE E O DIA


E o dia encontrou a noite
cansada pálida, sem cor
sem brilho quase nada restava
do seu outrora esfuziante
fulgor. Não era clara ou escura.

Era...

Uma sombra tênue flácida
avessa às travessuras do dia
que já fora amigo seu e que
a acalentava e positivamente
falava coisas boas e salutares.

Não foi esse dia que uma vez
conheci e amei e sentia prazer
em vê-lo todas as manhãs.

Não foi essa a noite que me fazia
cantar, sonhar, enternecer e dormir
no seu colo e à distância da luz
que me ofuscava e mostrava outro dia.

Aquela noite não mais existia
nos meus dias de calor abrasador.
Fora-se! E com ela toda a brisa
que eu, o dia, conhecera.
Senti deveras sua falta
e quis com ela partir e não mais voltar
para perto do sol e para não
mais enfrentar a mim. Noutro dia...



(Robério Matos)