domingo, 8 de janeiro de 2012

O PARQUE
























O Parque (baseado em fatos reais)


by Robério Matos


Era uma bela manhã de sábado, do verão de 2003. Dia 18 de janeiro, exatamente.

Eu estava cumprindo as minhas tarefas diárias, entre jaulas de animais, os mais diversos e legais que já conhecera.

Estava cansado, mas, ao mesmo tempo, agradecido a Deus por ter aquele emprego. Por ter dois braços, duas pernas, mãos e pés. Por ter um trabalho. E era o trabalho que eu queria; que eu amava.
Além de tudo, tinha tanta gente sem emprego: sem ter um salário para oferecer algum conforto aos seus filhos.
(E tem tanta gente que não tem braços ou pernas, ou, se os têm, são doentes: não podem andar; não podem dar um abraço – tem coisa melhor que dar um abraço em quem se gosta; em quem amamos muito?).

E eu era, por tudo isso, muito feliz!

Quase todos os dias, lá no parque (zôo) onde eu trabalhava, chegavam carrocinhas trazendo novos animais.

Um dia (que jamais esquecerei), chegou “alguém” muito especial: era um filhote fêmeo de leão: uma jovem e dengosa leoazinha.
Fiquei apaixonado por aquela jovem criança-leoa.
Então, pedi a administradora do parque para que eu pudesse cuidar dela, pessoalmente, durante um dia inteiro, no que ela concordou.

O quê fazer, então, para tornar a vida daquela leoazinha a mais feliz possível? Essa foi a minha grande responsabilidade.

Esqueci-me das tartarugas, dos camelos, do “pobre” urso; das cobras, dos macacos. Enfim, esqueci-me de tudo!

Minha atenção era só para a leoazinha, que chamaremos de Deby (lindo, não?!).
Adorei, “de cara”, a Deby!
Ela era linda! Inteligente, meiga, amiga... feliz...

Senti, logo, um grande amor por ela.
Um amor que não é fácil de explicitar. Que a gente apenas sente. Que arrepia toda a nossa pele, todo o nosso ser. Que nos faz feliz e, ao mesmo tempo, triste...

Andei com ela em meus braços, por todo o parque. Parecia cansado, no entanto sentia-me jovem, vigoroso, valente, forte. Deus estava junto da gente, com certeza.

Algumas vezes disse pra ela: “minha querida, estou velho; pareço cansado, mas sou o zelador de parque mais feliz do mundo!”
Ela respondia, sempre: “Você não é velho, papai!”

Só Deus, todo poderoso, sabe quanto fui feliz naquele dia; naquele parque. Só Ele conseguiria dizer do meu contentamento e gratidão, notadamente quando ela chamou-me “de papai”.

- Deby tem uma coisa que eu, o zelador do parque (e, acima de tudo, seu pai, Robério), gostaria de esclarecer:
Quando saímos outro dia aqui do parque e fui deixar você em casa (na casa da sua mãe “de verdade”), ela lhe perguntou:
- Quantos pais você tem? (lembra?).
- Dois, você respondera.
- Quem é o pai verdadeiro?
- Robério. 
- Quem é o pai do coração?
- São dois, mamãe: Robério e Gilvan
  (nome fictício do companheiro da mãe da Deby)!
 
- Eu, Robério, sou seu pai verdadeiro/biológico, mas, com certeza, também sou seu pai “do coração!”. Muito obrigado querida, pela inteligente resposta que você dera para sua mãe (eu pensei: a mãe dela deve ter ficado muito desapontada...).

No meu coração: velho, pobre, cansado, porém vivo e forte!, só há espaço para você! Nunca esqueça isso!
Eu TE AMO!
Nunca existiu (nem jamais existirá) um amor tão grande e forte quanto o que sinto por você!

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