sexta-feira, 29 de março de 2013

SOLIDÃO



















SOLIDÃO



Uma rosa solitária.

À sombra dos jardins.

Entre espinhos.

Opaca. Moribunda.

Pede água.

Não. Suplica amor.

Aguarda clemência.

Um pouco de companhia.

Um tiquinho de amor.

Quer viver.

Seja mais um dia

ou apenas uma noite.

Até novo alvorecer.

Entre espinhos, sim.

Aguardando novo amor.

Moribunda,

porém com todo esplendor.

Somente à espera,

Desesperada por outro dia.

Por um novo amor.

Só mais uma rosa

entre tantos espinhos,

repleta de melancolia.

Carente de singelo amor.

Apenas uma rosa

cheia de desamor.



(Robério Matos)


A ÚLTIMA VEZ



















A ÚLTIMA VEZ

  
Era um céu azul
com nuvens brancas.

Brumas quebradiças
areia cristalina.

Um mar em cada esquina.
Uma quadra a cada passo.

Uma passada por vez.
Um olhar.

Era um céu azul
em cada esquina.

Uma quadra aqui
acolá.

Eu, no meio de tudo.

Absorto, vivo
ou mesmo morrendo,
talvez.

Foi assim
a última vez que vi.
Ontem, quando aqui voltei.

Antes de ir pela praia.
Depois que tudo se foi.

Foi assim que te vi
pela última vez...



(Robério Matos)


quinta-feira, 28 de março de 2013

LUZES








imagem |Google











LUZES



As luzes da noite
brilham no escuro.

No claro, só a réstia
do lusco-fusco.

Nas vias paralelas
não há vida,
nem fluxo.
Apenas tráfego sereno.

Nas principais,
intenso e alucinante.

No meio, fico eu.
Às vezes inerte,
noutras agitado,
tentando acompanhar
o ritmo da vida.

Desse agito tresloucado.
Desta noite.
Deste momento.

As luzes brilham.
Seja na escuridão
da noite

Ou na clareza
de todos os dias.

Brilham!
Seja de alegria
ou tristeza.
Brilham...


(Robério Matos)


sábado, 23 de março de 2013

RISOS





imagem Google









RISOS



Havia muita alegria.
Tanto riso
que o feio chorou.

Então o alegre ficou triste
e esse emudeceu.

Isso foi tudo naquele dia.

De tristezas e alegrias.



(Robério Matos)


A MESMA VOZ








imagem Google












A MESMA VOZ


E ela diz, diuturnamente:
Cala-te!
Não quero mais ouvir o teu silêncio.

Então ela começa a gritar.

O mais agudo de todos os sons.

Na mais densa de todas as noites.

No mais longo de todos os dias.

Até quando nada mais há...

Além daquela voz no meio do silêncio...


Psiu...



(Robério Matos)