sexta-feira, 1 de abril de 2011

TERMOS CAIPIRAS CEARENSES


TERMOS CAIPIRAS CEARENSES


O LINGUAJAR CEARENSE
AUTORA: JOSENIRA DE LACERDA -
CADEIRA Nº 3 DA ACADEMIA DOS
CORDELISTAS DO CRATO, CE.



Se alguém é desligado, é chamado de bocó, broco, lerdo e abestado. Azuado ou brocoió. Arigó e Zé Mané. Sonso, atruado, bilé, pomba lesa e zuruó.

Artigo novo é zerado. Armadilha é arapuca. O doido é abirobado. Invencionice é infuca. O matuto é mucureba. Qualquer ferida é pereba. Mosquito grande é mutuca. 
Quem muito agarra, abufela. Briga pequena é arenga.
Enganação, esparrela. Toda prostituta é quenga. Rapapé é confusão. De repente é supetão. Insistência é lenga-lenga.

Qualquer tramóia é motim. Solteira idosa é titia. Mosquitinho é mucuim. Recipiente é vazia. Meia garrafa é meiota. O exibido é fiota. Travessura é estripulia. Bebeu muito é Deodato. Brisa leve é cruviana. O sujeito otário é pato. Cigarro curto é bagana. Fugir é capar o gato.
O engraçado é gaiato. Quem vai preso tá em cana.

Ter mesmo nome é xarapa. Muito junto é encangado. Água com açúcar é garapa. Cor vermelha é encarnado. 
Muita coisa dá mêimundo.
Sendo Mundim é Raimundo. Valentão é arrochado

A rede velha é fianga. Com raiva é aporrinhado. Careta feia é munganga. Baitinga é o mesmo viado. O bom é só o pitéu. Bajulador, xeleléu. Sem jeito é malamanhado. Bater fofo é não cumprir. Etecetera é escambau.Sujar muito é encardir. Quem acusa, cai de pau. Confusão é funaré.
Carta coringa é melé. Atacar é só de mau.

Qualquer botão é biloto. Mulher difícil é banqueira. Pequenino é pirritoto. Estilingue é baladeira. Qualquer coisa é birimbelo. Descorado é amarelo Sem requinte é labrocheira. Um perigo é boca quente. Porco novo é bacurim. Atrevido é saliente. Quem não presta é corja ruim. Dedo duro é cabuêta.
A perna torta é zambêta. Coisinha pouca é tiquim.

Parteira era cachimbeira. Dar mergulho é tibungar. Tem cucuruto, moleira. Olhar demais é cubar. Tem ainda ternontonte: que vem antes do antonte.
Ver de soslaio é brechar. Quem briga bota boneco. Sem valor é fulerage. Copo pequeno é caneco. Estrada boa é rodage. O tristonho é capiongo.
Galo ou inchaço é mondrongo. E a ralé é catrevage.

O velho ovo estrelado. É o bife do oião. Nervoso é atubibado. Repreender é carão. O zarôlho é caraôi. Enviezado, zanôi. Inquieto é frivião. A perna fina é cambito.
Dar o fora é azular. Muito magrelo é sibito. Pisar manco é caxingar. Rêde pequena é tipóia. Tudo bem é tudo jóia. Fazer troça é caçoar.

As expressões:

"Dá relato". Que atinge mais de légua. "Tá ca peste!" "Só no Crato!". "Vôte", "Öxente!" e "Arre égua!". "Corra dentro!". "Qué cirmá?". "É de rosca? "É de lascar!". Se é muito longe, arrenego! Que Deus do céu nos acuda. É pra lá da caixa prego

Lá no calcanhar do juda. Nas bimboca ou cafundó. Nas brenha ou caixa bozó. Onde o vento a rota muda. Se é cheia de babilaque, é ispilicute ou dondoca.
Ligeiro é "que nem um traque". Agachado é tá de coca.
Sem rumo, é desembestado. O faminto é esguerado. Bolha na pele é papoca. Chamuscado é sapecado. Nuca, cangote é cachaço. Meio tonto é calibrado.

A coluna é espinhaço. Se está adoentado, tá como diz o ditado: "da pucumã pro bagaço".

Cearense tem mania. Chama todo mundo Zé:
Zé da onça, Zé de tia. Zé ôin ou Zé Mané. Zé tatá ou Zé de Dida. Achando pouco, apelida um bocado de Zezé.

Fazer goga é gaiofar. O que é longo é cumprissaio. Provocar é impinjar. Toda pilôra é desmaio. Salto ligeiro é pinote. Bando, turma é um magote. Cesto sem alça é balaio. A comidinha caseira tem fama no Ceará.
Tipicamente brasileira, faz o caboco babar. No bar do Mané bofão, Pau do guarda, panelão. O cardápio vou citar:

Sarrabulho, panelada, mucunzá e chambari. Tripa de porco, buchada. Baião de dois com piqui. Tem pão de milho e pirão. Carne de sol com feijão. Tijolo de buriti.

Quem é ruivo é fogoió! O tristonho é distrenado. Tornozelo é mocotó. Cheio de grana, estribado. Jarra de barro é quartinha. O banheiro é a casinha. Sem saída, "tá pebado"

A bebida e o seu rol, no Ceará todo habita:
A fubuia e o merol. A truaca e a birita.
Amansa sogra ou quentinha. A meropéia e a mardita.

O picolé no saquinho, aqui se chama dindin. Se é o dedo menorzinho, é chamado de mindin. Riso sonoro é gaitada. Confusão é presepada. Atrevido é saidin. Papo longo e sem valor é "miolo de pote".
Muito esperto é vivedor. Adolescente é frangote. Soldado raso é samango. A lagartixa é calango. O tabefe é cocorote.

A lista é quase sem fim, não cabe num só cordel.
Tem alpercata, alfenim, enrabichada e berel. Chué, baé, avexado. Bãe de cúia, ôi bribado. Quebra-queixo e carritel

Tem visage, sarará. Tem bruguelo e inxirido. Rabiçaca e aluá.
Ispritado e zói cumprido. Bunda canastra, lundu.
Dona encrenca, sabacu. Bonequeiro e maluvido.

O caerense é assim:

Dá cotoco à nostalgia. A tristeza leva fim na cacunda da euforia. Dá de arrudei na carência; enrola a sobrevivência e embirra na alegria.

Aqui no Ceará é assim!

Um comentário:

  1. Bom dia amigo Robério! Ficou muito bonita a imagem dessa rosa em teu Blog. Deu uma certa claridade.
    Gostei muito da publicação dos termos caipiras cearenses.
    Sempre é tempo de aprender o que dizem nossos irmãos, de lá ou de cá!

    Ótimo dia! De muita luz e inspiração.

    Beijos!


    Andrea Cristina Lopes

    ResponderExcluir

Muito obrigado! Seu gentil comentário nos estimula a seguir adiante.

Carpe diem!