sexta-feira, 1 de julho de 2011

GARANHUNS






imagem REAL









by Robério Matos

 
A cidade acorda fria, enevoada.
Jardins e praças vivos.
O aroma das flores
O balançar cadenciado das árvores
E a neblina dos morros
Cumprimentam os transeuntes.

Os pássaros, preguiçosamente,
Agasalham-se à sombra
Enquanto o solo tórrido
Castiga as ervas-daninhas
Até que o sol ceda seu espaço
Às nuvens cheias e à brisa
E depois à chuva.

Vem o crepúsculo, a noite
A lua em seu esplendor
Ladeada pelos satélites menores
Substituindo o rei-sol.

Na periferia,
Crianças brincam de roda,
Ciranda; de contar histórias.
Na intimidade dos lares
Os mais velhos recordam,
À meia-luz,
Os tempos idos da mocidade.

E vem a madrugada
De um dia qualquer
Com sua quietude e beleza.
Ela inspira os poetas
Restaura a debilidade dos fracos
E oferece trégua e paz
Aos mendigos.

É a vez e o tempo dos seresteiros
Dos namorados e amantes.

Garis e a guarda municipal
Despontam nas calçadas
Agora desertas.

De repente, uma estrela
Desliza no horizonte –
O brilho das águas sob a luz.

A relva úmida, o orvalho
O cão companheiro e amigo:
Indiferente e feliz.

A estrela ainda fiscaliza
Escuta e cobre cada gesto,
Cada pensamento.

Agora a água não tem
Mais brilho:
Está serena, quieta.
A cinza queima depressa.
O gelo se dilui, impaciente...
O burburinho continua.
Mais forte, às vezes mais fraco:
Vai e vem...

O amigo se foi; ainda não é dia.
Ouço latidos de cães
Que se sobrepõem ao silêncio.

A estrela, solitária, me espreita
Mas não se move.

Um veículo rola sobre
O asfalto deserto.
O ronco do motor
Confunde-se com as vozes,
Com os murmúrios de sempre...

Uma borboleta pousa sobre
A água e se apavora.
Nada mais há...
Além daquela estrela,
Os ruídos (mais distantes)
Os fogos ao longe e o
Latido tênue dos cães.

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