sábado, 28 de janeiro de 2012
CICLO
Ciclo
by Robério Matos
Sob o céu fito nimbos
Atentos e prenhes
À espera hora propícia
Para de o útero expelir
Sobre a cabeceira dos rios
Sua densa e cristalina
Torrente d’água fria.
Sobre o leito caudaloso
Dos córregos ao largo,
Delírios e agitações mil
Para, unindo-se à chuva,
Naqueles desaguarem
Seu vital e precioso líquido,
Reabastecendo os mares
De cujos suores surgirão
Novas crias de nuvens
Intrépidas e “parideiras”.
Ao lado dessas sublevações
A vida suspira ansiosa.
Confiante no despontar
Vindouro de novas auroras,
Desgruda-se habilmente
Do abraço mórbido da morte
E volta a crê no amanhã.
domingo, 8 de janeiro de 2012
O PARQUE
O Parque (baseado em fatos reais)
by Robério Matos
Era uma bela manhã de sábado, do verão de 2003. Dia 18 de janeiro, exatamente.
Eu estava cumprindo as minhas tarefas diárias, entre jaulas de animais, os mais diversos e legais que já conhecera.
Estava cansado, mas, ao mesmo tempo, agradecido a Deus por ter aquele emprego. Por ter dois braços, duas pernas, mãos e pés. Por ter um trabalho. E era o trabalho que eu queria; que eu amava.
Além de tudo, tinha tanta gente sem emprego: sem ter um salário para oferecer algum conforto aos seus filhos.
(E tem tanta gente que não tem braços ou pernas, ou, se os têm, são doentes: não podem andar; não podem dar um abraço – tem coisa melhor que dar um abraço em quem se gosta; em quem amamos muito?).
E eu era, por tudo isso, muito feliz!
Quase todos os dias, lá no parque (zôo) onde eu trabalhava, chegavam carrocinhas trazendo novos animais.
Um dia (que jamais esquecerei), chegou “alguém” muito especial: era um filhote fêmeo de leão: uma jovem e dengosa leoazinha.
Fiquei apaixonado por aquela jovem criança-leoa.
Então, pedi a administradora do parque para que eu pudesse cuidar dela, pessoalmente, durante um dia inteiro, no que ela concordou.
O quê fazer, então, para tornar a vida daquela leoazinha a mais feliz possível? Essa foi a minha grande responsabilidade.
Esqueci-me das tartarugas, dos camelos, do “pobre” urso; das cobras, dos macacos. Enfim, esqueci-me de tudo!
Minha atenção era só para a leoazinha, que chamaremos de Deby (lindo, não?!).
Adorei, “de cara”, a Deby!
Ela era linda! Inteligente, meiga, amiga... feliz...
Senti, logo, um grande amor por ela.
Um amor que não é fácil de explicitar. Que a gente apenas sente. Que arrepia toda a nossa pele, todo o nosso ser. Que nos faz feliz e, ao mesmo tempo, triste...
Andei com ela em meus braços, por todo o parque. Parecia cansado, no entanto sentia-me jovem, vigoroso, valente, forte. Deus estava junto da gente, com certeza.
Algumas vezes disse pra ela: “minha querida, estou velho; pareço cansado, mas sou o zelador de parque mais feliz do mundo!”
Ela respondia, sempre: “Você não é velho, papai!”
Só Deus, todo poderoso, sabe quanto fui feliz naquele dia; naquele parque. Só Ele conseguiria dizer do meu contentamento e gratidão, notadamente quando ela chamou-me “de papai”.
- Deby tem uma coisa que eu, o zelador do parque (e, acima de tudo, seu pai, Robério), gostaria de esclarecer:
Quando saímos outro dia aqui do parque e fui deixar você em casa (na casa da sua mãe “de verdade”), ela lhe perguntou:
- Quantos pais você tem? (lembra?).
- Dois, você respondera.
- Quem é o pai verdadeiro?
- Robério.
- Quem é o pai do coração?
- São dois, mamãe: Robério e Gilvan
(nome fictício do companheiro da mãe da Deby)!
- Eu, Robério, sou seu pai verdadeiro/biológico, mas, com certeza, também sou seu pai “do coração!”. Muito obrigado querida, pela inteligente resposta que você dera para sua mãe (eu pensei: a mãe dela deve ter ficado muito desapontada...).
No meu coração: velho, pobre, cansado, porém vivo e forte!, só há espaço para você! Nunca esqueça isso!
Eu TE AMO!
Nunca existiu (nem jamais existirá) um amor tão grande e forte quanto o que sinto por você!
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
O PROTOCOLO
O PROTOCOLO...
(fato real, acontecido em
abril/2011)
(fato real, acontecido em
abril/2011)
by Robério Matos
Estou saindo de casa. E daí?! Podem dizer alguns... "Já ouvi isso...”
A diferença (se isso faz alguma diferença...) é que tenho 58 aninhos e, aparentemente, sei o que quero...
Minha ex-mulher ligou pro Cartão de Créditos e disse que, em face do divórcio, queria cancelar meu cartão “adicional".
A operadora, insistiu em "afirmar-se" do motivo e "sugeriu alternativas...".
Putz!
Tá na cara! Tá óbvio. O que mais, então, ela precisaria saber/confirmar ?
ELA: seu/dele CPF, endereço, RG, data Nasc., "estado civil" (é f...) - meu, dela, da mãe...
... Desculpe a demora... O Sistema...
Sim... Mas... A senhora tem certeza do "descasamento", digo, da exclusão... Aliás...
A senhora me perdoe... É que...
- "O Sistema... De novo..." Me perdoe... Eu... Sou nova aqui... Desculpe...
- Só mais um momento (é que, o Sistema...)
- Só mais um momento, por favor... (a linha cai...)
Ligo, de novo (eu, ou a mulher? Sei lá!).
- Obrigada, por aguardar (ela diz. Ela, ou eu, ou minha mulher, ou o vizinho, no interfone. Sei lá...)
- Senhora Robério. Perdão, senhora N... O Padre, digo, o Tabelião... Perdão, o Juiz...
Tá tudo certo, enfim!
Anote, por favor, seu "protocolo..."
- A linha cai, novamente...
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
OUTRA VEZ VIVER, SONHAR, AMAR...
by Robério Matos
Quando o dia amanhece sem graça
e a noite foi em claro, mal dormida.
Quando hoje se parece estar, viver
noutro mundo, sombrio, estranho
e sente-se as mãos da pessoa amada
como que a escorregar lentamente
e o seu corpo não mais lhe pertencer.
Quando de repente o dia se fez noite
o sol cedeu seu espaço para a lua
e as nuvens brancas ora são nimbos
encardidos, sem a alvura d’outrora
e o alvorecer está pálido, sem cor
e o fim do dia parece-se distante de si.
Quando a desesperança quer-nos afogar
curva-se os joelhos e olha-se para o alto
entregando-se a Deus em prece fervorosa
que sobre a face faz rolar uma lágrima
pois, recordando o exemplo do Seu amor,
Decide-se, por fim, optar pelo sonho
de novamente aninhar-se nos braços;
no colo de quem, com candura, te fez
outra vez ter fé, viver, sonhar, amar...
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
NATAL (poesia)
Então é Natal...
by Robério Matos
Se HOJE ultrapassamos os umbrais DO ONTEM
e ainda estamos no alvorecer;
se o ONTEM nos permitiu chegar até aqui,
assim, O AMANHÃ será o crepúsculo DO HOJE,
quando estaremos mais próximos do florescer.
E O AMANHÃ será NATAL!
E depois DO AMANHÃ será outro HOJE,
quando renovaremos nossa fé no futuro
e ai estaremos definitivamente
mais distante das trevas da ignorância
e no limiar da luz do conhecimento.
FELIZ NATAL!
E o Ano Novo?
Que venha!
domingo, 18 de dezembro de 2011
CORINTHIANS CAMPEÃO (e o Palmeiras...)
by Robério Matos
Anedota marromeno (de salão)
FONTE adaptada de: http://www.abcnatal.blogger.com.br/2007_08_01_archive.html
Um sujeito encontra um amigo que não via há muito tempo e, querendo ser simpático, inicia a conversa:
- E aí Paulinho, tudo bem?
- Péssimo... - responde o outro.
- Mas como péssimo? Com aquela Ferrari que você tem?
- Deu perda total num acidente... E o pior é que o seguro tinha acabado de vencer.
- Bem, vão-se os anéis, mas ficam os dedos. E aquele filhão inteligente?
- Estava dirigindo a Ferrari... Morreu.
- O cara tenta fugir daquele assunto tão trágico:
- E aquela sua filha que mais parecia uma modelo?
- Pois é... Estava junto com o irmão. Só a minha mulher não estava no carro.
- Graças a Deus! Como ela vai?
- Fugiu com o meu sócio.
- Bem... Pelo menos a empresa ficou só para você.
- Ela fugiu com ele porque me roubaram tudo. Deixaram a firma falida. Estou devendo milhões!
- Pôxa vida, então, vamos mudar de assunto, e o Corinthians, aquele seu timão?
- Sou palmeirense...
- Pelo amor de Deus, Paulinho! Você não tem nada de positivo?
- HIV...
- E aí Paulinho, tudo bem?
- Péssimo... - responde o outro.
- Mas como péssimo? Com aquela Ferrari que você tem?
- Deu perda total num acidente... E o pior é que o seguro tinha acabado de vencer.
- Bem, vão-se os anéis, mas ficam os dedos. E aquele filhão inteligente?
- Estava dirigindo a Ferrari... Morreu.
- O cara tenta fugir daquele assunto tão trágico:
- E aquela sua filha que mais parecia uma modelo?
- Pois é... Estava junto com o irmão. Só a minha mulher não estava no carro.
- Graças a Deus! Como ela vai?
- Fugiu com o meu sócio.
- Bem... Pelo menos a empresa ficou só para você.
- Ela fugiu com ele porque me roubaram tudo. Deixaram a firma falida. Estou devendo milhões!
- Pôxa vida, então, vamos mudar de assunto, e o Corinthians, aquele seu timão?
- Sou palmeirense...
- Pelo amor de Deus, Paulinho! Você não tem nada de positivo?
- HIV...
Assinar:
Postagens (Atom)