sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O gênero das palavras


Por Thaís Nicoleti



Em português, os nomes são masculinos ou femininos – não existe o chamado “gênero neutro”, salvo em algumas reminiscências latinas, como os pronomes isto, isso e aquilo, por exemplo, que, para efeito de concordância, são considerados masculinos. Na verdade, o gênero masculino em português também expressa a ideia de neutralidade.

É fato, porém, que há palavras que nos desafiam quanto ao gênero. É esse o caso de “mascote”, palavra feminina, ou mesmo de “champanhe”, esta masculina.

Muito bem. No fragmento abaixo, o redator fez confusão:

“O dr. Linh Vi, o patologista do Cheboygan Memorial Hospital que diagnosticou o CDIS em Long, não era certificado e disse que lê cerca de 50 biópsias de mama por ano, bem menos que a experiência que importantes patologistas dizem ser necessária para lidar com os nuances dos casos difíceis de câncer de mama.”

A palavra “nuance” (“matiz” em francês) é feminina já na sua origem e assim permanece no português. Dizemos, portanto, “as nuances”, com artigo feminino. Palavras francesas de uso corrente no português são “vernissage” (inauguração de uma exposição de arte) e “nécessaire” (estojo para guardar objetos de uso pessoal), ambas masculinas, portanto “o vernissage” e “o nécessaire”. Este último aparece como feminino no dicionário “Aulete”, mimetizando o uso popular. No Volp (“Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa”), no entanto, bem como nos demais dicionários, o registro continua sendo masculino.

“Omelete” também é um caso curioso. De origem francesa, a palavra é – ou era – feminina, “a omelete”. O uso no Brasil, porém, tornou hesitante o seu gênero. Hoje o Volp a registra com os dois gêneros, como o faz o dicionário “Houaiss”. “Aulete” e “Aurélio” seguem a tradição e a registram como palavra feminina, “a omelete”.

Outros casos dignos de nota: a cal, a alface, o tsunami, a cobaia, o console, o manete, a musse, o crepe, o matiz, a sanguessuga (no sentido figurado, no “Houaiss”, este aparece como de dois gêneros; no “Aulete” e no “Aurélio”, mesmo no sentido figurado, continua feminino, coisa que também se verifica no Volp, que é oficial).

Enfim, são vários os casos – e os dicionários comprovam certa hesitação nessa matéria. Muitos, entretanto, têm o gênero consolidado, como é o caso de “nuance”, substantivo feminino. Veja abaixo o texto corrigido:

O dr. Linh Vi, o patologista do Cheboygan Memorial Hospital que diagnosticou o CDIS em Long, não era certificado e disse que lê cerca de 50 biópsias de mama por ano, bem menos que a experiência que importantes patologistas dizem ser necessária para lidar com as nuances dos casos difíceis de câncer de mama.

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