domingo, 27 de fevereiro de 2011

Resenha do Livro ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA

COMENTÁRIO de Robério Matos:
Mais um bom e intrigante romance de José Saramago (autor de CAIM), sobre o qual já se produziu até uma película cinematográfica, a qual também tive o privilégio de assistir. O livro se nos apresenta um enredo audacioso e inovador, ao qual "gruda" o interesse e atenção do leitor, malgrado o estllo de escrita não convencional (para nós brasileiros) e característico de José Saramago: quase sem uso da pontuação e com extensos parágrafos, além de não utilizar a letra maiúscula para nomes próprios.

imagem Google
Ensaio Sobre a Cegueira
José Saramago


 
A palavra "ensaio" nos engana um pouco, mas pelo autor, espera-se logo que o título Ensaio Sobre a Cegueira não represente somente um escrito sobre a cegueira em si, o que é logo comprovado nos dois primeiros parágrafos que nos põem diante de uma narrativa envolvente e provocante, digna de José Saramago. 

Tudo começa com a cegueira repentina de um homem ao estar parado no sinal vermelho. A luz verde acende, o carro continua parado e o buzinaço atrás dele anuncia o pandemônio que estar por vir. O homem apavorado, dentro do carro,começa a gritar que está cego e ninguém entende o que está acontecendo. Como assim, cego?. Sua cegueira é branca, um "mar de leite" é como ele a descreve.
 
Congestionamento, xingamento, curiosidade e pena foram somente algumas das reações à inexplicavel cegueira daquele indivíduo. Neste ponto, Saramago apresenta o que a gente vai percebendo aos poucos e confirma no final do livro: as reações do ser humano às necessidades, à incapacidade, à impotência, ao desprezo e ao abandono.

O cego no semáforo é ajudado por outro homem, que o leva em casa e rouba-lhe o carro. Mas o ladrão não tem tempo para usufruir da nova aquisição, porque a cegueira também o atinge. O médico que atende o cego, também cega, assim como cegam todos os seus pacientes presentes na sala de estar no momento em que o primeiro cego chega.
 
E uma cadeia sucessiva de cegueira vai se formando. Uma cegueira diferente, uma "treva branca". O governo não demora a perceber que se trata de uma epidemia e toma providências, porém, sendo formado por seres humanos, logo extingue.

O mundo dos cegos está criado e também a luta pela sobrevivência. Alguns cegos, inicialmente isolados pela doença, conseguem se organizar, e assim, o poder, a obediência, a ganância, o carinho, o desejo, a vergonha e outras características do ser humano vão se destacando. 
 
O sentimento, a ação e a atitude de cada indivíduo passam a ser suas identidades, pois os personagens não têm nomes. Este mundo não distingue os animais, pois os racionais passam a se guiarem mais pelo instinto. O mundo tende a extinção. Felizmente, tão de repente como veio, a cegueira se vai, restando a contemplação.
(Resumo de Etna Pereira) 



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