terça-feira, 8 de novembro de 2011

O RITUAL








imagem Google









 
 
by Robério Matos


Era uma espécie de anfiteatro.
O piso viscoso,

de um tom escuro.

O sol, do teto penetrava

num quadrilátero

por entre barras de ferro fundido e duro.


As paredes estavam cheias

de musgos asquerosos.

Pessoas encapuzadas vestiam

túnicas brancas

e assentavam-se empertigadas

em cadeiras coloniais,

adornadas por símbolos

maquiavélicos, satânicos!

enquanto aguardavam o adentrar

dos líderes medievais.


Ao centro, uma maca negra,

vigiada por verdugos,

onde hibernava a hidra

mumificada e em refugos.

À direita da maca,

um esquife abominável,

no cerimonial que precedia o anunciar

do Grande Mestre,

que aguardava o instante memorável

que seria o beijar

a esquálida hidra inerte,

cuja lenda esse rito mágico

a ressuscitaria,

inda que caveirosa continuasse

durante a orgia.


Alguns diáconos preparavam

líquidos acres

e os repassavam

aos Mestres de Cerimônia.

O sabor era como o gosto azedo

do vinagre

e os fiéis, ávidos,

os bebiam por amônia.


A maca negra, estacionada,

estava entreaberta.

Um manto escuro

descerrava a cripta repugnante!


Do palco superior,

onde ficava um mirante,

descia uma harpia que, lânguida,

rasgava-se-lhe o véu.

Nos seios nus cintilavam pérolas

de uma corrente

e nas mãos conduzia uma taça

com bebida igual ao fel

que me induzia a ingeri-la,

irritando o Grande Mestre que

fantasiava em meus braços

a sua amada hidra.


E quebrando as tradições do ritual,

da anti-sala saiu.

Enquanto se dirigia para mim,

numa fúria bestial,

notei que me debatia para acordar

e sair daquela enrascada,

deixando para si

o excêntrico amor da sua amada...

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