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MISTURAS...
“Você às
vezes considera
saudade,
sofrimento, dor?
Falta,
soluço, desamor,
declive,
fim, sombra severa?
Que às vezes
a saudade é fera
e seu hálito
mau odor?
N’outras, que
a saudade é flor
que só nos
charcos prolifera?
É vida que
não passa, mera
desilusão,
puro estertor?
Estéril
lavra onde prospera
nem
sentimento, nem amor?
Você às
vezes considera
que a vida
passa pela dor?
Que, mesmo
após o desamor,
o amor fará
menos severa
a feia face
desta fera que
chamamos
vida? (que odor
exala o
charco, se a flor
mesmo nos
charcos prolifera?).
Às vezes a
saudade é mera
desilusão,
cujo rumor enfim
diz-nos que
o que prospera
é sentimento
– sendo amor?
Você também
considera
a vida e seu
Semeador?
Você às
vezes pondera
o ser e o
ter a mesma cor?
Se considera,
e se não for
para seus
olhos só quimera
mudar a dor
que desespera,
isto é a Vida.
E o mais, humor.
E o mais é
tudo que não era:
tecido que
se regenera,
encontro,
desencontro, espera
arfar,
achar, amar... Amor.”
___________Robério
Matos
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