O RETALHO DO MAR
Sobrou de tua imensidão sem fim.
Plana, porosa... Sem contornos,
além das curvas sinuosas, resvaladas.
Perdida nos limites da intemperança.
Afoita. Sem compostura. Nua. Sem
pudor.
Entregue, tal uma récua desenfreada,
aos primitivos instintos da
sobrevivência
libidinosa; do prazer do gozo;
do saciar-se do êxtase desmedido;
da volúpia da carne ensandecida de
paixão.
Essa parte do oceano desaguou em mim.
Sufocou e afogou-me até o mais
profundo
desse mar impiedoso, em uma sucessão
de tufões
esbraseados, ardentes, pervertidos.
Em uma catarse reprimida, no mais
longo dos
jejuns do amor contido, fantasias sucederam-se
à valsa do aperitivo do fomento dessa
paixão,
até o arfar do peito, no estertor do
mais forte
e profundo dos gozos de todos os
mortais.
No retalho do teu mar sucumbi.
Foi a morte mais prazerosa que já
vivi...
(Robério Matos)
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