sábado, 13 de outubro de 2012

O RETALHO DO MAR




















O RETALHO DO MAR


Sobrou de tua imensidão sem fim.
Plana, porosa... Sem contornos,
além das curvas sinuosas, resvaladas.
Perdida nos limites da intemperança.
Afoita. Sem compostura. Nua. Sem pudor.

Entregue, tal uma récua desenfreada,
aos primitivos instintos da sobrevivência
libidinosa; do prazer do gozo;
do saciar-se do êxtase desmedido;
da volúpia da carne ensandecida de paixão.

Essa parte do oceano desaguou em mim.
Sufocou e afogou-me até o mais profundo
desse mar impiedoso, em uma sucessão de tufões
esbraseados, ardentes, pervertidos.

Em uma catarse reprimida, no mais longo dos
jejuns do amor contido, fantasias sucederam-se
à valsa do aperitivo do fomento dessa paixão,
até o arfar do peito, no estertor do mais forte
e profundo dos gozos de todos os mortais.

No retalho do teu mar sucumbi.
Foi a morte mais prazerosa que já vivi...


 
(Robério Matos)



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