sábado, 8 de dezembro de 2012

AVE MARIA







AVE MARIA


Eu não queria ver essa tristeza
que cai sobre os santos
que com zelo carregam um andor;
derramando sobre a sarça ardente
lágrimas de fé, mas também de dor.

Queria tudo deixar sob a penumbra;
mesmo com a intensa luz da
lâmina que queima e se funde
sob a flamejante fogueira das brasas,
mais tarde apenas o odor de carvões;
da resina aromática do incenso
outrora um punhado de cinzas...

Eu queria ser menos perverso;
mais doce e menos diverso
que as coisas que há acima mim.
Que, se pudessem, só ocorresse
após a jornada diária,
e antes das seis horas de cada dia,
nunca depois da Ave-Maria.


(Robério Matos)


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