terça-feira, 2 de julho de 2013

NO OITAVO ANDAR







imagem Google









NO OITAVO ANDAR


Todas as luzes se apagaram.
Os sons emudeceram
e os veículos não mais
rolam sobre o asfalto deserto.

Apenas há um tênue ruído
da janela da varanda do quarto.
Do oitavo andar do edifício.

Um som confuso, infuso, arredio,
do vento do leste, que bate
e empurra a esquadria, acariciando-a,
de soslaio, suavemente.

Murmúrios, gemidos e medos
do abstrato; do que foge a rotina
de uma madrugada de domingo.

O cobertor é repuxado, e pernas,
coxas, em sudorese, se comprimem,
se buscam e pedem companhia.

Sussurros ao pé do ouvido,
grunhidos mornos, enrubescidos e
palpitações surdas, mudas, entrecortadas,
se buscam e procuram o calor de corpos
gélidos e carentes de aconchego.
Muito frio, arrepios,
e eles têm medo do afastar-se.

O jeito é aquecer-se, se grudarem
e acenderem o pavio da chama
que para sempre abafará o temor
daquele ensandecido e apaixonado amor.



(Robério Matos)


Um comentário:

Muito obrigado! Seu gentil comentário nos estimula a seguir adiante.

Carpe diem!