Manhã que
rebenta ao sol
Que sucede uma
noite enluarada
Após estar com a mulher amada
E ainda sentir o seu cheiro no
lençol.
Fria manhã de uma primavera
incipiente
Que ao despertar me dirige o
pensamento
Para a alquimia do ontem-momento.
Ergue-se com ela a minha agonia
A desviar-me do meu norte;
A chorar a vida e sorrir com a morte
Tendo-a por companheira por muitos
dias.
Se estranhamente descubro o universo,
A pintá-lo na demência deste verso,
Ou na inconseqüência do meu desdouro,
Sinto-o, todavia, proibitivo como um
tesouro,
Pois, sendo único, ora estou dividido
Entre o que fui, sou e o vivido.
Se a distância do que tenho presente
É bastante para atirar-me ao
desconhecido
Ou para questionar a lucidez da
mente,
Por que ressuscitar o
que houvera morrido?
(Robério Matos)
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