terça-feira, 18 de setembro de 2012

ONTEM




















ONTEM



Manhã que rebenta ao sol

Que sucede uma noite enluarada
Após estar com a mulher amada
E ainda sentir o seu cheiro no lençol.

Fria manhã de uma primavera incipiente
Que ao despertar me dirige o pensamento
Para a alquimia do ontem-momento.

Ergue-se com ela a minha agonia
A desviar-me do meu norte;
A chorar a vida e sorrir com a morte
Tendo-a por companheira por muitos dias.

Se estranhamente descubro o universo,
A pintá-lo na demência deste verso,
Ou na inconseqüência do meu desdouro,
Sinto-o, todavia, proibitivo como um tesouro,
Pois, sendo único, ora estou dividido
Entre o que fui, sou e o vivido.

Se a distância do que tenho presente
É bastante para atirar-me ao desconhecido
Ou para questionar a lucidez da mente,
Por que ressuscitar o que houvera morrido?


(Robério Matos)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Muito obrigado! Seu gentil comentário nos estimula a seguir adiante.

Carpe diem!