domingo, 16 de setembro de 2012

PÁSSAROS FERIDOS





PÁSSAROS FERIDOS

“Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais
suavidade que qualquer outra criatura sobre a Terra. A partir do momento em que
deixa o ninho começa a procurar um espinheiro, e só descansa quando o encontra.
Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e
mais comprido. E, morrendo, sublima a própria agonia e solta um canto mais belo
que o da cotovia e o do rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a
existência. Mas o mundo inteiro deixa-se ficar para ouvi-lo, e Deus sorri no céu. Pois o
melhor só se adquire à custa de um grande sofrimento... Pelo menos é o que diz a
lenda.”

(Colleen McCullough)


PRECISO DE MIM


Seria como se tivesses várias vidas
mas só pudesse cantar uma única vez...
Surpreendo-me estando no passado;
de repente estou no futuro.
N’outros instantes não sei onde estou.
E por que escrevo isso?
Também não sei...
De repente é só a solidão...
A p... da solidão. Só isso...

Às vezes acho que preciso de mim...
Necessito conversar comigo;
estar a sós comigo;
ouvir a minha voz interior.
O som do meu coração, e serenar…
(faz tempo que não escuto sua voz.
Que não converso com ele).

Preciso dizer-me, tenha um bom dia Robério
e fique em paz.

Necessito, ainda, de um amigo quieto,
silencioso…

De me passar à limpo.
Esvaziar-me…
Lavar o tacho e voltar a enchê-lo,
desta feita lentamente…

Apagar a escrita do meu “quadro de giz”
reescrevendo-o em forma de poesia
o que gostaria de ter feito,
não o que fiz...

“Queria soltar o canto mais belo que o da Cotovia...”


(Robério Matos)


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