CONTRA FLUXO
(despedida do Facebook,
em 23/11/2012)
Tal procede
aos salmões,
subindo na
contramão das correntezas
dos rios na
longa e acidentada viagem
em direção
às nascentes,
para a
desova e perpetuação da espécie,
não teria eu
forças e disposição
para nadar
contra a fúria das
correntezas
dos rios,
subindo nos
seus contra fluxos,
em busca das
cabeceiras dos rios,
e a procura
da reposição do ar
para os meus
rarefeitos pulmões;
da renovação
de minha natureza primitiva;
da
reciclagem de minhas origens;
da
purificação do espírito e do reencontro
com minha
parte que lá ficou...
Prefiro, por
acomodação e medo
(porque não
dizer), antes
o conforto da
suave e serena descida
no curso
natural dos rios, amparado
em um tronco
à deriva e sob os influxos
das brisas
que rasgam as florestas virgens
para me
conduzirem à imensidão do mar azul.
E nesse mar
me afogar. Sucumbir...
Entretanto,
acontece, não raro, ir adiante
quando de
volta já deveria estar...
É como uma
viagem de muitas idas e vindas,
sem um porto
seguro onde atracar.
Na verdade,
não sinto tanto por vocês
quanto, em
tudo, lamento por mim...
Assim, seria
desarrazoado, sem sentido,
a
inconsequência de continuar aqui
(quando para
alhures se poderia ir),
sem mais
nada para acrescentar, dizer;
nada para
contribuir. Só para emudecer.
Amanhã,
contudo, será outro dia,
quando tudo
poderá ressurgir. Acontecer...
Muito
obrigado a todos vocês,
queridos
(as) amigos (as).
Até mais
ver.
(Robério Matos)
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