sexta-feira, 30 de novembro de 2012

DESPE-ME!







imagem Google













DESPE-ME!


Retira-me dessa vestimenta hipócrita!
Despoja-me dessa folhagem encardida
e carcomida por todos os tempos
e pelos vermes do passado mal resolvido.

Se preciso, ficarei nu como aqui um dia vim.
Vem! Despe-me e reveste-me do novo.
Lava-me o corpo e seca-me à brisa da noite.
Deita-me no orvalho molhado das lágrimas
incrustadas nesse velho espírito errante.

Se a nova roupagem não cair bem em mim
farei de conta que fora feita para meu corpo.
Não reclamarei se diferir do meu manequim,
contanto que não seja rota como a que tivera.

E que uma vez nova cubra-me a intimidade.
Ora ficará escondida de olhares estranhos
e não a revelarei a mais ninguém além de mim...


(Robério Matos)


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