quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Saudade
by Robério Matos
Você às vezes considera
saudade sofrimento, dor?
Falta, soluço, desamor,
declive, fim, sombra severa?
Às vezes a saudade é fera
e seu hálito mau odor?
Às vezes a saudade é flor
que só nos charcos prolifera?
É vida que não passa, mera
desilusão, puro estertor?
Estéril lavra onde prospera
nem sentimento, nem amor?
Você às vezes considera
que a vida passa pela dor?
que, mesmo após o desamor,
o amor fará menos severa
a feia face desta fera
que chamamos vida? (que odor
exala o charco, se a flor,
mesmo nos charcos, prolifera?)
Às vezes a saudade é mera
desilusão, cujo estertor
enfim nos diz que o que prospera
é sentimento – sendo amor?
Você às vezes considera
a vida e seu semeador?
Você às vezes considera
o Ser e o Ter a mesma cor?
Se considera, e se não for
para seus olhos só quimera
mudar a dor que desespera
- isto é a Vida. E o mais, humor.
E o mais é tudo que não era:
tecido que se regenera,
encontro, desencontro, espera,
arfar, achar, amar. Amor.
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