segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

"Onde" só se emprega com sentido locativo

http://educacao.uol.com.br/dicas-portugues/onde-so-se-emprega-com-sentido-locativo.jhtm

 
Por Thaís Nicoleti
 

“Estamos atentos, mas a antecipação da janela de transferências também terá o seu lado ruim, onde o prazo para chegada do exterior está perto de acabar”, completou o cartola.
A única carência temporária é a lateral, onde Leonardo ainda precisa de ritmo.

É digno de nota o uso que se vem fazendo do advérbio “onde”, que, como todos sabemos, significa “em que lugar”. É fato que se verifica, sobretudo no registro informal, o emprego abusivo do “onde”, em situações nas quais não há ideia de lugar, como se pode verificar nos exemplos em epígrafe.

Esse tipo de construção caracteriza-se pela falta de coesão. Os elementos articuladores (preposições, conjunções, pronomes) devem reforçar ou mesmo tornar clara a relação semântica que se pretende estabelecer entre os termos da oração, entre as orações ou entre as partes de um texto.

“Onde” emprega-se corretamente com sentido locativo: “Onde você mora?” (em que lugar), “Não sei onde ele mora” (em que lugar), “Moro onde não mora ninguém” (num lugar em que), “No país onde nasceu, faz muito frio” (no qual). No último caso, observe que a palavra “onde” funciona como pronome relativo, por isso seu antecedente (“país”) denota também a ideia de lugar. Em outras palavras, o “onde” retoma termos que se referem a lugares.

Dito isso, convém reler os fragmentos selecionados. Em nenhum dos casos, como se vê, o antecedente do “onde” remete à ideia de lugar. Cumpre, portanto, verificar qual é a relação que a pessoa pretende estabelecer entre as partes do discurso.

No primeiro fragmento, aparentemente o referido “cartola” pretende explicar por que a antecipação da janela de transferências terá um “lado ruim” – o motivo seria o fato de o prazo para a chegada do exterior estar perto de acabar.

No segundo caso, parece ter havido situação semelhante. Novamente não há ideia de lugar, mas de explicação. A falta de ritmo do lateral esquerdo (é sem hífen mesmo!) Leonardo justifica o fato de o redator afirmar que “a única carência temporária é a lateral”.

Assim, nas sugestões abaixo, empregaram-se conectivos próprios para estabelecer a ideia de explicação, que, definitivamente, não se expressa pelo “onde”.

“Estamos atentos, mas a antecipação da janela de transferências também terá o seu lado ruim, já que o prazo para a chegada do exterior está perto de acabar”, completou o cartola.
A única carência temporária é a lateral, pois Leonardo ainda precisa de ritmo.

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