segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Vírgula nas subordinadas intercaladas e correlação de tempos verbais

 

http://educacao.uol.com.br/dicas-portugues/virgula-nas-subordinadas-intercaladas-e-correlacao-de-tempos-verbais.jhtm

Por Thaís Nicoleti

Na hora de redigir, muita gente tem dúvida quanto à escolha da pontuação mais adequada. Sempre é bom lembrar que a pontuação organiza a leitura – sua função é assinalar as divisões do texto de modo que a leitura se torne mais fluente.

As regras consagradas pelas gramáticas privilegiam a organização sintática do período, embora também contemplem alguns usos estilísticos e até idiossincráticos. Em textos jornalísticos,  as questões geralmente se resolvem com um pouco de sintaxe.

Há um princípio segundo o qual as orações subordinadas intercaladas devem vir entre vírgulas. Assim, a primeira vírgula vem antes da conjunção que a encabeça e a segunda no fim da referida oração.  Veja o período abaixo:

“Reparação da verdade é fundamental”, disse, ao apontar que se houver divergência interna no governo quem decide é a presidente Dilma Rousseff.

A oração destacada, iniciada pela conjunção “se”, é uma subordinada adverbial condicional. Dizemos que está intercalada porque interrompe outra oração (“que quem decide...”). Observe que as duas conjunções estão em sequência (que, se...), sendo cada umas delas pertencente a uma oração diferente. Veja ainda que a oração subordinada poderia ser deslocada para o fim do período. Essa percepção do início e do fim da oração conduz à correta pontuação do período.

Outra questão pertinente à redação diz respeito à correlação de tempos verbais. Ainda que a nomenclatura não pareça das mais familiares, o leitor, por certo, saberá de que se trata ao observar um período defeituoso. Veja o seguinte caso: “Se eu fosse você, eu farei isso”. Certamente, essa não é uma frase regular na língua: “fosse” indica uma hipótese formulada no passado, que se resolve num tempo futuro, mas esse futuro tem por referência o passado (daí a necessidade de usar na segunda parte do período o futuro do pretérito, não o futuro do presente, ou seja, “faria” em vez de “farei”).

Nesse período, ficou fácil perceber o problema, mas, na linguagem oral, é relativamente comum o uso do tempo presente no lugar do futuro. Note que o presente no lugar de futuro é possível em algumas situações, mas, quando há correlação com uma hipótese formulada no futuro, não convém que o presente substitua o futuro.

A construção “se houver divergência interna no futuro” é uma formulação de hipótese futura (na forma de oração subordinada), portanto a oração principal deverá ter seu núcleo verbal também no futuro. Abaixo o fragmento reformulado:

“Reparação da verdade é fundamental”, disse, ao apontar que, se houver divergência interna no governo, quem vai decidir será a presidente Dilma Rousseff.

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