domingo, 9 de janeiro de 2011

Saudade



by Robério Matos


Você às vezes considera
saudade sofrimento, dor?
Falta, soluço, desamor,
declive, fim, sombra severa?

Às vezes a saudade é fera
e seu hálito mau odor?
Às vezes a saudade é flor
que só nos charcos prolifera?

É vida que não passa, mera
desilusão, puro estertor?
Estéril lavra onde prospera
nem sentimento, nem amor?

Você às vezes considera
que a vida passa pela dor?
que, mesmo após o desamor,
o amor fará menos severa

a feia face desta fera
que chamamos vida? (que odor
exala o charco, se a flor,
mesmo nos charcos, prolifera?)

Às vezes a saudade é mera
desilusão, cujo estertor
enfim nos diz que o que prospera
é sentimento – sendo amor?

Você às vezes considera
a vida e seu semeador?
Você às vezes considera
o Ser e o Ter a mesma cor?

Se considera, e se não for
para seus olhos só quimera
mudar a dor que desespera
- isto é a Vida. E o mais, humor.

E o mais é tudo que não era:
tecido que se regenera,
encontro, desencontro, espera,
arfar, achar, amar. Amor.

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