quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

SENHORA























Senhora


by Robério Matos


Que se dissipe a penumbra
Que por vezes emoldura
O cais noturno de cada aniversariar
E que o mar, com suas brumas,
Banhando os teus pés,
Apague os sulcos que no passado
Refletiam a tua insegurança.

Que do zênite surja hoje
Uma luz de raios cintilantes
Para tua aura fazer brilhar.

Já do firmamento, despontem,
Em vôos rasantes e cadentes,
Brancas e esvoaçantes gaivotas
Conduzindo em suas garras
Pétalas reluzentes que sobre ti
Deixem todas despencar.

Que suaves pegadas
Apareçam ao largo da praia,
Agora indicando o presente
Que te ilumina e guia,
Ou apontando o futuro que te espera.

Ah... silente senhora!

Tu lembras os sussurros de altas madrugadas,
Embora radiantes como a aurora.

Sim. Hoje mais um passarinho
Aninha-se em tua árvore;
Ao teu candelabro juntou-se mais uma vela.

Hoje te tornas mais experiente
E confiante do que ontem
E tuas pegadas já não pesam tanto
Sobre a relva úmida e esfalfada.

O chão em que pisas já não é tão maltratado,
Eis que ora calças as sandálias da leveza
E vestes a túnica do saber.

Hoje, a brisa que respiras é mais pura e saudável;
A água que mata tua sede é doce e cristalina, pois
No túnel do tempo foram ambas decantadas.

Se hoje mais um ano te faz envelhecer;
Se mais um ano não é capaz
De remover o silêncio que sufoca o teu grito;
De minar a quietude que envolve a tua silhueta,
Ou de desencantar o largo riso que
A tua face teima em enternecer,
Ao menos não escondas o calor que te abrasa
Ó eterna Senhora minha.




Um comentário:

  1. Magnífico poema meus olhos tiveram a honra de
    contemplar, e meu coração de sentir.

    Tomo pra mim este encanto:

    "Que do zênite surja hoje
    Uma luz de raios cintilantes
    Para tua aura fazer brilhar."


    agradecida, abraço.

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