quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
O Inspetô biato (um Continho)
(imagem GOOGLE)
by Robério Matos
Lá pur vorta dos ano setenta eu trabalhava num banco, numa cidade do interiô do Pernambuco. Fiz o concurso pur lá mermo, apois só ixigiam o 1º Grau (muito má feito - nas coxa, cuma dizem).
Nóis, bancaro, morava numa pensão da Dona Dita, prumode qui era mai barata, pra sobrá dinhêro pras cachaça.
Di vêis im quando chegava um inspetô no banco, pra vê si num tinha neguim misturando o dinhêro dele cum o do banco ô fazendo coqué coisa errada e aquela otoridade mitia um medo danado narrente!
Pôco dispôis dele tá lá, si achegô pra eu e dixe: você aí! Fuma?
- Fumo, má si o sinhô quisé eu dêxo! Dixe logo aquilo pra mostrá respeito pro homi.
- Eu só quero um cigarro... arrespondeu o chefe, o qui mi dexô todo incabulado.
O inspetô era diferente di todos os ôtro qui nóis conhecia, apôis qui gostava de fazê cúpi a tardinha e, adispôis, lá pras seis hora da tarde ia pra missa.
Aquele rituá deferente chamava logo a atenção do pessoá: inspetô católico! Intonce deve sê um cara legal e num vai incomodá muito arrente não! Assim imaginô logo a cambada toda de negim inrresponsávi...
Certa vêis, quando tava a turma toda jantando (era um magote duns oito) numas quatro mesa incangada umas nas ôtra, sendo qui a do homi ficava separada da ralé e um pôco mai adiante, um colega do banco, sabendo qui eu era mêi dirmantelado e qui era do Juazêro do Norte, terra di meu Padim Pádi Ciço, oiô pra eu e sapecô a pregunta, só pra vê o ispanto qui ia causá no inspetô biato:
- Ô Richard! tu qui é lá do Juazêro, tira aqui uma dúvida darrente:
Dixe qui a estáuta do Pádi Ciço qui fica lá inriba da Serra do Hôrto, lá no Juá, médi uns trinta metro de artura!
É mêrmo verdade, sô?
Oiêi mêi prus lado e vi qui o "inspa" já tava cum as ôiça impé, só pur uvir o nomi do "santo". Mi arripiêi todo...
Mai cuma eu tinha tumado umas e ôtra di apiritivo, arrespondí:
- Bem... a artura certa eu num sei não. Agora digem pur lá qui só pra fazê as duas bola da estáuta si gastô-si mais de cinqüenta saco de cimento!
Atu cutinu, o homi se alevantô-se da mesa; num quis mais a janta, apontô o dedão na minha venta e saiu resmungano do refetóro.
NOTA DO AUTOR: História baseada em fatos reais.
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