sábado, 8 de janeiro de 2011

Monólogo “entre mim e eu próprio”




Prezado Robério Matos:


Inicio questionando o "Prezado",

pois não sei se o prezo, ou se, ao menos, nutro alguma simpatia por você.
Lembra há quanto tempo você vem fazendo-me promessas?
Assumindo compromissos que, de cara, sabia ser incapaz de executá-los, de startá-los, sequer?

Quantas vezes o tenho motivado a ser "mais leve"

e menos rigoroso e exigente consigo próprio.
A deixar a vida fluir pelas suas correntezas
e rumos naturais, sem para tanto ser preciso agarrar-se a um tronco
que se encontra à deriva e no qual se apóia para emegir-se, em lugar de asfixiar-se sob o manto das águas turvas e, assim, consumir-se,
apartando-se dessa vida que, não raro, a amaldiçoa?

Ouço, pacientemente, suas amarguras
  e queixas infundadas,
como se fosse o mais infeliz dos seres que pululam sobre a crosta terrestre!
Tudo, para você, meu amigo
(ou inimigo, se assim lhe soar melhor!),
deve ser realizado, concretizado no agora!
E pior: sem mácula, sem falhas!
Faça como sugere a escritora Barry Stevens:
Não apresse o rio, ele corre sozinho...

O quê!?

Não ouvi.
Fale naturalmente: sem murmúrios...
Chega de auto-piedade!
De lamentos que transcendem a minha compreensão.
Ah...O seu Eu foi forjado ou moldado ao longo de décadas
de sentenças morais, ou sapienciais?
Quer, com isso, justificar o seu perfeccionismo...
Não! meu caro: ponha a sua carapuça e, de outro lado, dispa-se dos eufemismos.
Seja autêntico!
Saiba que algo em torno de 70% da humanidade
padece de carências que estão a abarrotar o seu alforje!

E lembre-se, por fim:

Antes assumir e administrar os seus problemas
- que já são velhos conhecidos... –
que se aventurar na busca de unções desconhecidas
e, nalgumas vezes, inadequadas para si, tendo presente a velha máxima:
"O problema não é o problema, mas a maneira que o encaramos".
Fico no aguardo de suas considerações, ou do seu funeral, se assim o preferir...

Clonalmente,


Robério Matos

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